A Justiça do Rio bloqueia R$ 2 bilhões do Estado para custear as obras de prevenção em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A informação é do Ministério Público Estadual. A determinação acontece após o judiciário constatar que pouco foi feito pelo Governo desde os temporais do início do ano, que deixaram cerca de 240 pessoas mortas e mais de mil desabrigadas.
Na Frei Leão, os moradores vão à parte alta do morro e registram os riscos iminentes. A gaúcha Cristiane Gorss vive Petrópolis desde 1987, quando pai veio transferido do Rio Grande Sul para o Rio. Nesse tempo, casou e teve duas filhas. A mais nova, de 19 anos, morreu na tragédia no início do ano. Ao todo, ela perdeu nove parentes nos temporais. Sequer, conseguiu viver o luto.
Enquanto as intervenções não avançam, pessoas voltaram a viver em áreas de risco. Há cerca de um mês, a Prefeitura de Petrópolis publicou em Diário Oficial uma medida que autorizada a volta de moradores para áreas que estavam interditadas.
A alegação do município foi de que as interdições ocorreram em caráter apenas preventivo. Mas, o Ministério Público do Rio cobrou laudo técnico, para comprovar que as áreas estariam seguras. Especialistas apontam ainda que pouco foi feito em serviços de dragagem dos rios, que cortam a cidade.
A ação destaca a apuração do Grupo de Apoio Técnico ao Ministério Público, que apontou a existência de aproximadamente R$ 4 bilhões disponíveis, provenientes de recursos da venda da Cedae e que podem, legalmente, serem utilizados em ações de resposta a catástrofe em Petrópolis.
Ainda são 130 pontos afetados na cidade, que não receberam nenhum tipo de intervenção preventiva, quase 10 meses após a maior tragédia da história da cidade. O mapeamento foi feito pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro. Todos os laudos técnicos do Estado corroboram com as 26 ações já propostas pelo Ministério Público do Rio.