A Justiça do Rio decreta a prisão temporária do homem acusado de atirar no ex-secretário de Turismo de Bariloche, que entrou por em engano após seguir o GPS em um dos acesso do Morro do Escondidinho, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio.
Sandro da Silva Vicente teria disparado contra Gaston Fernando Burlon, que segue internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, com quadro de saúde muito grave.
O criminoso tem mais de 20 anotações criminais.
A decisão da juíza, Alessandra da Rocha Lima Roidis, atende parcialmente um pedido da Polícia Civil, que tinha pedido a prisão de outras três pessoas.
O episódio aconteceu na quinta-feira (12) e foi classificado pela Polícia Civil como "tentativa de homicídio".
Anteriormente, o juíz Orlando Eliazaro Feitosa tinha negado o pedido de prisão feito pela Polícia Civil durante o Plantão Judiciário. O magistrado entendeu que o pedido de prisão neste caso deveria ser julgado pelo Juízo Criminal ou pelo Plantão Judiciário Diurno. Para o juiz, não havia urgência para expedir os mandados de prisão durante o final de semana. O Ministério Público do Rio também entendeu que o pedido não merecia ser analisado pelo juízo plantonista pela falta de urgência qualificada.
Segundo a Polícia Civil, ainda falta identificar um criminoso que estava na boca de fuma com Sandro Vicente, na hora da tentativa de homicídio.
Cláudio Augusto dos Santos, conhecido como Jiló; Tiago de Oliveira, o TG; e Raphael Corrêa Pontes, chamado de "Pedro de Lara" também foram indiciados. As investigações apontam que parte dos suspeitas estavam envolvidos na morte de um turista italiano em 2016, que entrou por engano no Morro dos Prazeres.
Cláudio Augusto está no Portal dos Procrados como gerente de pontos de vendas de drogas. Contra ele há 11 mandados de prisão pendentes de cumprimento
Durante agenda realizada nesta segunda-feira (16), o governador Cláudio Castro criticou a Justiça e classificou como "impossível" fazer segurança pública no Rio de Janeiro.
Segundo o advogado criminalista Mozar Carvalho, se houve materialidade no pedido da Polícia Civil, a decisão do Plantão Judiciário foi "inadmissível".
Esse tipo de comportamento, tanto do juiz, quanto do Ministério Público que também opinou favorável a não aplicação da urgência, nesse caso concreto, é algo inadmissível. A Justiça está complacente com tudo aquilo que eu fizer, é terminantemente inadmissível se tem materialidade, ou seja, se houve o crime, se tem indícios fortes de autoria, e aí no caso foi identificado a autoria. E a identificação do autor é inadmissível não decidir pela urgência de tirar um criminoso desse da rua em caráter de urgência, em caráter de trazê-lo e colocá-lo pela prisão.
A delegada Patricia Alemany disse que a identificação do criminoso partiu do depoimento dos familiares do argentino e de uma testemunha que passava no local na hora do episódio.
Os depoimentos ali de uma testemunha que também estava no local, que teve a coragem de depor e da família. A gente tinha característica física, a gente sabia quem era mais ou menos aquela pessoa que atirou e a gente pegou diversas fotos e começou a mostrar para essas testemunhas e aí nós fazemos, temos muito um cuidado de fazer um mosaico de fotos e as testemunhas de maneira inequívoca, com muita segurança. Conheceram de pronto ele como autor do disparo.
Para a Polícia Civil, durante a representação da prisão cautelar, a demora na decretação dos mandados poderia gerar danos à investigação e que se trata de um 'caso urgente e excepcional, com grande repercussão e repúdio social". A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo ainda destacou que a não concessão da ordem de prisão, implicaria em uma "verdadeira sensação de impunidade".
O advogado criminal Taiguara Libano acredita que a decisão da Justiça no domingo (15) foi baseada em uma resolução do Conselho Nacional de Justiça.
Há uma resolução do CNJ que estabelece que eventuais pedidos de prisão endereçados ao plantão noturno só deveriam ser deferidos quando há uma evidência de um risco à vida, ou seja, que essa prisão é necessária para preservar a vida. Que nesse caso, em que pese à gravidade do delito, não haveria elementos que pudessem concluir que haveria um risco imediato à vida de pessoas e que, portanto, mais adequado seria que a decisão fosse apreciada, fosse proferida, melhor dizendo, pelo juízo da Vara, que irá julgar futuramente essa ação penal ou mesmo pelo plantão judiciário de turno.
Segundo o boletim médico de sexta-feira (13), Gaston estava em coma profundo com múltiplas fraturas cranianas. O paciente foi estabilizado, entubado e levado ao Centro de Terapia Intensiva.
O ex-secretário ia com mais quatro pessoas em direção à trilha do Cristo Redentor de carro, quando acesssou a comunidade. ((O carro foi alvejado por traficantes e bateu em um muro.
Testemunhas apontam que os dois criminosos que estavam na boca de fumo chegaram a abrir a porta do carro e constataram que Gaston estava ferido. Em seguida, subiram em uma motocicleta e foram para dentro da comunidade. Um dos filhos chegou a pedir para os bandidos não atirarem mais.
Uma outra pessoa que passava no local no momento do disparo afirmou à Polícia Civil que o carro em que estava o argentino e a família estava em alta velocidade e que dois criminosos apontaram a pistola e ordenaram a parada. No entanto, o veículo teria acelerado, quando a testemunha ouviu dois disparos.
Atualmente, Gaston ocupa a presidência da Câmara Argentina de Turismo Estudantil. Parte dos familiares do argentino deve retornar à Buenos Aires ainda nesta semana. Eles recebem acompanhamento policial.
A Embaixada da Argentina lamentou o caso e está auxiliando a família do ex-secretário de turismo do país.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio disse que o juíz fundamentou a decisão, com os devidos esclarecimentos que o levou a não decretação das prisões. O TJRJ também destacou a opinião do MP.