A Justiça conclui a fase de oitivas das testemunas do julgamento da ex-deputada federal Flordelis, dos três filhos e da neta dela. Nesta sexta-feira (11), quinto dia do procedimento, sete pessoas arroladas pela defesa da ex-parlamentar foram ouvidas.
Entre elas, estavam filhos e netos afetivos da política, além de um ex-namorada da ré Simone dos Santos, filha biológica de Flordelis. Durante a sessão, eles relataram casos em que o pastor Anderson Carmo teria abusado sexualmente e importunado outros filhos e netas, sob o pretexto de que tudo se tratava de brincadeira.
Ao serem questionadas sobre o porquê não terem relatado os abusos sexuais em sede policial durante as investigações da morte do pastor, as meninas falaram que não se sentiram confortáveis, já que estavam cercadas, nas ocasiões, apenas de policiais homens.
Além dessas testemunhas, um psiquiatra forense indicado pela defesa de Flordelis, Hewdy Lobo Ribeiro, prestou depoimento. Ele disse que, ao fazer o laudo médico da ex-deputada e das filhas dela, que percebeu diferentes transtornos mentais, mas que isso não faria delas capazes de matar alguém.
A defesa da família de Anderson do Carmo, por meio do advogado Angelo Máximo, disse que a narrativa dos abusos sexuais se trata de um teatro. Ele apontou contradições nos depoimentos de algumas das testemunhas, ao explicar as cenas dos supostos abusos.
Neste sábado (12), sexto dia de julgamento, os réus finalmente começam a ser ouvidos. Após essa fase, ainda há a possibilidade de um debate, das alegações finais e, então, a decisão do júri popular, composto por sete pessoas.
Apesar de não haver uma previsão oficial de término, oficiais de justiça e policiais foram convocados para trabalhar até a próxima segunda (14). Flordelis é acusada de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo.
OS DEPOIMENTOS - todos testemunhas de defesa
Primeiro a prestar depoimento, Sidnei Filho, psicólogo forense, falou sobre perfis de relacionamento e tipos de violência doméstica. No entanto, o especialista afirmou qeu nunca entrevistou ou atendeu nenhum dos réus.
Segundo a depor, Hewdy Lobo, psiquiatra forense, fez um laudo psiquiátrico dos réus Marzy Teixeira, Simone dos Santos e Flordelis, onde apresentou algumas doenças mentais que elas teriam. Segundo o psquiatra, porém, ele veio derrubar a tese de que essas doenças as fariam ter o perfil de que matariam alguém.
Terceira a prestar depoimento, Erica Dias, filha afetiva de Flordelis, chorou durante depoimento, assim como a mãe. Ela disse que já presenciou Anderson do Carmo passar a mão no corpo da irmã afetiva Kelly, enquanto ambas dormiam, junto com outra irmã Angela. "Eu não falei nada com ela, apenas dois anos depois. Eu podia ter feito alguma coisa para ajudá-la (disse chorando), mas não fiz, não sabia como falar naquela época". Erica também disse que o pastor teria passado a mão no corpo da ré Simone dos Santos, diversas vezes, como forma de brincadeira. Durante depoimento, Simone balançava a cabeça, como gesto de afirmação. "Parecia uma relação de casal (Anderson com Simone). Ela ainda disse que a mãe tinha uma relação submissa com o marido.
Quarto a depor, Douglas de Almeida Ribeiro, filho afetivo de Flordeis, disse que já presenciou o pastor abraçando Simone dos Santos de costas e ela pedia para que ele saísse. Além disso, revelou que Marzy tinha o desejo de matar Anderson, mas que eles conversaram, se entenderam, e depois a situação foi resolvida.
Quinto a prestar depoimento, Marcos Silva de Lima, ex de Simone, disse que Anderson do Carmo perseguia Simone, e, quando o casal saia de carro, o padrasto vivia ligando para a ré. "Já me ligou (Anderson) proibindo que eu fosse à festa do neto dele." Marcos disse que, quando foi ganhando intimidade com Simone, ela foi contando a ele que sofria abusos sexuais do pastor, e que, em um episódio, ele teria entrado no banheiro dela e abusado, mas a testemunha não soube dizer se o ato foi consumado porque Simone não contou. "Ela também já chegou lá em casa com o olho roxo dizendo que apartou uma briga da mãe e do padrasto".
Sexta a depor, Lorrane dos Santos Oliveira, neta afetiva de Flordelis, disse que, em sede policial, não relatou sobre os abusos e importunações sexuais que sofria porque estava apenas na presença de policiais homens que "estavam, antes, falando de assuntos pornográficos" e se sentiu constrangida. "Um deles chegou a dizer que eu ficava mais bonita com o cabelo solto." "Ele perguntou se eu queria água, bebeu do copo, deixou pela metade, e disse: só tem esse copo, você vai querer ainda assim?". Lorrane relatou que Flordelis sempre pedia que ela não ficasse sozinha com Anderson, mas que ela nunca entendia o porquê. "Uma vez, ele perguntou se eu estava com fome, disse que sim. Então, ele me levou para um motel, onde tinha um restaurante lá dentro, e ele estava entrando com o carro. Eu disse que não queria comer ali e que, se ele entrasse, eu iria ligar para a minha avó (Flordelis)". A testemunha disse que Anderson dava beijos molhados, perto da boca, das meninas, e costumava dar tapas na bunda delas. Lorrane voltou a relatar uma história que algumas testemunhas contaram, de que Anderson brincava de afogar meninas na piscina. "Quando ele entrava, todo mundo saia correndo, ele afogava a gente e desamarrava o biquini". A neta afetiva de Flordelis falou que Anderson tinha que aprovar a roupa das meninas e que elas faziam um desfile a ele e, se não gostasse, ele as mandava trocar de roupa.
A última a prestar depoimento foi Rafaela dos Santos, que afirmou a mesma narrativa.
CONFIRA O QUARTO DIA DE JULGAMENTO