Justiça absolve PMs acusados em caso de mulher baleada e arrastada em Madureira

Claudia Silva Ferreira, chegou no hospital com partes do corpo dilaceradas, além do ferimento por tiro, já sem vida

Por Giovanna Faria

Justiça
Divulgação/Pixabay

Os seis policiais militares réus pela operação que terminou com uma mulher baleada e arrastada por uma viatura em Madureira, na Zona Norte do Rio, são absolvidos pela Justiça cerca de um mês antes do caso completar 10 anos. Os agentes respondiam por homicídio qualificado e fraude processual.

A decisão foi dada após pedido do Ministério Público do Rio, que é o próprio denunciante do caso. A justificativa foi a falta de provas em relação a quem teria dado o disparo que atingiu Claudia Silva Ferreira, já que houve confronto no local. Os agentes também respondiam por fraude processual, por terem retirado a vítima do local onde ela morreu e a colocado no porta-malas da viatura. Segundo o MP, os envolvidos acreditavam que Claudia estava viva e tentaram levá-la para o hospital. 

No entanto, a porta do veículo se abriu e ela ficou pendurada pela roupa, sendo arrastada por 350 metros. Claudia chegou no hospital com partes do corpo dilaceradas, além do ferimento por tiro, já sem vida. A perícia, realizada na época, comprovou que ela morreu ainda na comunidade. Em depoimentos, todos os policiais afirmam que a população tentou impedir a retirada do corpo, por acreditarem que ela já estava sem vida.

Um dos agentes que eram réus no processo, além de estar ativo na PM, foi nomeado nesta quinta-feira (14) a um cargo na Vice-Governadoria do Rio. Antes, Rodrigo Boaventura também foi requisitado pela Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, onde estava atuando. O agente foi exonerado do Inea, ligado à pasta, no dia 8 de março.

Segundo o Portal da Transparência, o PM recebeu em fevereiro um total de mais de 38 mil reais de pagamentos brutos da PM e do Instituto Estadual do Ambiente. Foram 18 mil reais de salário bruto pela Polícia Militar e, no mesmo mês, requisitado pelo Inea, ainda ganhou mais de 20 mil reais pelo órgão: R$ 11,5 de remuneração mensal e mais de R$ 10,9 mil de remuneração eventual.

De abril a dezembro do ano passado, Boaventura também atuou como servidor requisitado na própria secretaria, com remuneração mensal bruta de mais de 10 mil e 500 reais, além de 2 mil e 500 por participação em Unidade de Polícia Ambiental.

Em 2020, a Secretaria de Estado do Ambiente já tinha nomeado o capitão, mas voltou atrás após repercussão negativa.

A Justiça decidiu que não há culpado pelo crime.  Um homem apontado como traficante, que participou da troca de tiros no dia da operação policial, segue preso e responde por tentativa de homicídio dos policiais.

O irmão de Claudia, Júlio Ferreira, lamenta a impunidade em relação à morte dela.  

Além de Boaventura, eram réus pela morte de Claudia Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, Alex Sandro da Silva e Gustavo Ribeiro Meirelles, que também estão ativos na Polícia Militar, e Adir Serrano e Rodney Archanjo, que se aposentaram pela corporação. Todos seguem recebendo salários e benefícios do Estado. 

Segundo o escritório do advogado João Tancredo, que é responsável pelos processos civis da família de Claudia, dois irmãos ainda vão receber 50 mil reais por danos morais. Os outros familiares, como o marido e filhos da vítima, já fecharam acordos ou já foram pagos devidamente. 

Procurada sobre a nomeação de Rodrigo Boaventura, a Vice-Governadoria ressaltou que ele foi absolvido do crime.

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