DEPOIMENTO ANDRÉ LUIZ
Primeiro a prestar depoimento, André Luiz, filho afetivo que está sendo julgado, falou por cerca de uma hora e 20 minutos.
Ele negou envolvimento no crime.
André Luiz deu alguns detalhes da relação de Flordelis com Anderson do Carmo. Segundo ele, Flordelis era completamente dependente do marido.
André ainda disse que nunca ouviu falar de abusos sexuais ou agressões
DEPOIMENTO RAYANE DOS SANTOS
A terceira a prestar depoimento, por quase uma hora, foi a neta afetiva de Flordelis, Rayane dos Santos, que está sendo julgada.
Ela negou envolvimento no crime.
Rayane disse que presenciou várias agressões do pastor Anderson do Carmo à Flordelis, e relatou que o pastor também passava a mão nela (Rayane).
A neta afetiva contou um caso em que Anderson teria passado a mão na parte íntima dela, enquanto ela dormia de toalha, mas que nunca expôs a situação à avó (Flordelis) porque tinha gratidão ao pastor pela vida que ele tinha proporcionado a ela, em Brasília.
Nas alegações finais, a ré disse que sempre lutou muito pela vida dela e que tudo isso ocorreu por falta de diálogo. Ela relatou sentir muito a falta dos filhos.
Rayane também disse que tudo poderia ser resolvido no diálogo com a família, em vez de uma morte, que ocorreu.
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Rayane disse que escondeu o celular dela, em uma das buscas e apreensões da casa, porque não morava lá, mas em Brasília, e informou isso ao primeiro policial.
Ao ser perguntada se tinha benefícios no presídio, ela disse que a Secretaria de Administração Penitenciária permite a entrada de prancha e esmalte de unha. “Não é porque a gente tá presa, que vamos ficar largada, não é mesmo”.
DEPOIMENTO MARZY TEIXEIRA
A filha afetiva de Flordelis foi a quarta a prestar depoimento. Ela negou envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo em 2019.
Marzy disse que já pensou e tentou matar o pastor, mas outras vezes.
“Eu tive a intenção, tentei e desisti. Se eu tiver que pagar pelo o que eu quis, eu vou pagar, mas eu não consumei”.
A conversa com Lucas dos Santos (já condenado, em 2019, acusado de adquirir a arma do crime):
Marzy disse que entrou em contato com Lucas pedindo que ele matasse Anderson, simulando um crime de latrocínio (roubo seguido de morte), mas que Lucas teria negado poder fazer o crime de manhã, que deveria que ser de noite.
A filha afetiva contou que Lucas apareceu com três amigos na casa da família, com o plano de Marzy tirar Flordelis do quarto e ele (Lucas) matar Anderson, enquanto o pastor dormia. A acusada, então, teria negado essa possibilidade e se recusado a dar algo aos “amigos de Lucas, que vieram do Rio de Janeiro”, e, então, Lucas a ameaçou.
Marzy Teixeira contou que conversou com a mãe (Flordelis) sobre isso e foi aconselhada por ela a contar ao pai (pastor Anderson) sobre a tentativa, e, então, ele teria a perdoado, orado junto com ela e a situação resolvida.
O motivo, segundo Marzy, seria o rancor guardado desde o episódio da igreja em que o pastor Anderson teria a expulsado de uma sala VIP, onde os filhos e netos da pastora ficam.
A filha afetiva, ao ser perguntada sobre o que estava fazendo no dia do crime, respondeu que estava na casa de Flordelis.
Marzy ainda contou que já foi chamada de “gostosa” pelo pastor e que ele teria chamado o corpo dela de “muito bonito”.
Algumas aspas das perguntas do júri popular à Marzy
“A senhora faria qualquer coisa para agradar Flordelis?”
“Tudo não.”, respondeu Marzy.
"Flordelis não é a Flordelis, é a minha mãe", disse Marzy.
“Me arrependo de ter começado com essa história de planejar a morte do pastor e de pedir ao Lucas para fazer.”, respondeu Marzy.
DEPOIMENTO SIMONE DOS SANTOS
Quarta e última ré a depor, Simone negou ter envolvimento no assassinato do pastor Anderson do Carmo.
Ela também negou as acusações de envenenamento. Segundo a filha biológica de Flordelis, "Não aconteceu, isso não existe"
Quando o assunto foi a morte do pastor Anderson do Carmo, ela disse que "se sente culpada de tudo isso estar ocorrendo com a família" porque uma vez foi falar com o Flávio que sofria abusos sexuais do pastor Anderson, achando que Flávio poderia bater ou conversar com Anderson, mas nunca ao ponto de matá-lo.
Flávio dos Santos foi condenado, em novembro de 2021, acusado de disparar os tiros que mataram o pastor.
Simone relatou que sofreu abusos sexuais do pastor, inclusive uma ocasião em que ele teria consumado o ato, contra a vontade dela, no banheiro. A ré revelou que o pastor quem pagava o tratamento contra câncer que ela fazia e isso fazia dela dependente financeiramente. Em um print de mensagens de conversa de Simone com os filhos, ela fala "Eu escolhi viver", "Quem vai pagar o tratamento?".
Durante a fala e menção dos filhos, ela e André Luiz, outro réu, choraram muito. Eles foram casados por dois anos e tiveram filhos.
*Simone tem melanoma.
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Em depoimento, Simone disse que o pastor teria abusado da filha, e que, quando viu, “ficou muito mal e começou a bater e xingar Anderson”.
Ao relatar os abusos e importunações sexuais, Simone também disse que toda vez que ele levava dinheiro para ela pagar alguma consulta médica, ele fazia algum pedido
“Uma ocasião, ele chegou com dinheiro na calça e pediu que eu pegasse lá”. “Outra vez, eu pedi dinheiro para comprar um óculos novo e ele queria que eu colocasse a mão nas partes íntimas dele. Ele, então, começou a brigar com meu filho e disse para mim que ‘tudo poderia ser mais fácil’ “.
Simone ainda revelou que deu a senha do cofre dos pais ao irmão Flávio, pensou bem, mas deu. A filha biológica disse que hoje sabe que Flávio pegou dinheiro no cofre para comprar a arma.
Ela disse que escondeu o telefone dela, da mãe e do pai, com medo de perdê-lo para a perícia e de eles verem as mensagens de abusos e as situações da família virem a tona.
“Medo de tudo ser descoberto”
O QUE AS DEFESAS DIZEM
No intervalo do depoimento, o assistente de acusação e defesa da família do pastor Anderson, por meio do advogado Ângelo Máximo, disse que a narrativa de abuso sexual só ocorreu depois de os réus conversarem com uma advogada específica , após o processo já em andamento, e que a motivação do crime nunca foram os abusos, mas, sim, poder e dinheiro do pastor.
Um dos advogados de Flordelis, o doutor Rodrigo Faucz, comentou que um julgamento justo seria a absolvição dos réus, já que, nas palavras dele, não há provas concretas sobre a autoria do crime. Faucz disse que a parte do envenenamento é clara, mas, a autoria do crime, nem prints de mensagens anexados ao processo mostram isso.
“É um absurdo essa acusação”.
Ele ainda disse que a midiatização criou uma imagem de Flordelis que não é real.
“Hoje ela tem o risco de ser condenada por causa da ressignificação de uma história que já era verdadeira”.