Caso Flordelis: ex-deputada nega ser mandante do crime e reafirma abusos

Flordelis chorou o depoimento inteiro. Ela disse que está na prisão pagando por erros que não são dela.

Por Mariana Albuquerque

A política relatou ter sido abusada sexualmente por Anderson do Carmo.
Brunno Dantas/TJRJ

A ex-deputada Flordelis foi a segunda a prestar depoimento no Fórum de Niterói, Região Metropolitana do Rio, neste sábado (12), no sexto dia de julgamento dela, dos três filhos e da neta, todos acusados de envolvimento no pastor Anderson do Carmo, em 2019.

Ela voltou a relatar os episódios de abusos sexuais por parte do pastor, mas negou ser a mandante ou ter envolvimento no crime. 

A defesa de Flordelis pediu que os promotores do Ministério Público não fizessem perguntas aos réus nesta etapa.

A ex-parlamentar falou por cerca de 40 minutos. Em toda a fala, chorava e soluçava, demonstrando dificuldade em discursar.

Ao ser perguntada sobre quem mandou matar o marido, Flordelis disse que não sabia porque não estava no local (garagem), mas que imaginava ser Flávio e Lucas, já que foram condenados pela Justiça (em 2021). O primeiro, pelo disparo, e o segundo, por adquirir a arma do crime. 

E ao ser questionada sobre a motivação, a ré acredita que tenham sido os abusos sexuais que algumas meninas da casa sofriam pelo pastor, e que foram relatados em plenário por algumas testemunhas, ao longo desses dias de julgamento.

Na pergunta dos jurados, eles questionaram se o choro era verdade, e Flordelis disse que sim. 

A política relatou ter sido abusada sexualmente por Anderson do Carmo e contou sobre um caso em que teria sido enforcada, ao ponto de desmaiar, mas que nunca comentou sobre isso com a polícia ou a outros membros da família por vergonha. Segundo Flordelis, ela orava e esperava que isso acabasse. 

Flordelis falou, em depoimento, que está pagando, há três anos, pelos erros de outras pessoas. “Estou sendo chamada de mandante do assassinato da pessoa que eu mais amava, eu precisava dele e dependia dele”.

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Sobre os abusos sexuais

Flordelis disse que não acreditava que ele seria capaz de cometer os abusos com outros e com ela. 

“Por tudo o que fazia por ele e que representava na vida dele”, relatou a política, chorando. 

Ela disse que, o início do relacionamento, era tudo muito bom, mas, depois de um tempo de casada, Anderson teria começado a bater nela. 

“Depois disso, ele parou, mas começou a ficar agressivo na área sexual, meu marido só tinha prazer se me machucasse”, contou Flordelis, soluçando. 

Flordelis contrariou o depoimento de um dos seus filhos afetivos, conhecido como Misael, quando ele relatou, nesses dias de julgamento, que aconselhou à mãe a se separar caso Anderson estivesse batendo nela, como a ex-deputada relatou a ele.

“Eu procurei Misael pela proximidade que nós tínhamos. Eu não estava sabendo lidar com a situação, fui pedir ajuda e ele me disse que eu não podia expor a família. Ele mentiu, não foi esse conselho que me deu (de se separar)”. 

Ao ser perguntada sobre a Paula Barros, mais conhecida como Paula do Volley, Flordelis disse que ela era uma pastora, que foi a casa dela para orar e conversar. Em alguns relatos das testemunhas de acusação, filhos e netas afetivas falaram que Paula se apresentava como psicóloga da família e simulava um depoimento na polícia com eles, onde os mesmos não poderiam falar mal de Flordelis, apenas coisas que ajudassem. 

“Em nenhum momento eu tive o pensamento de matar meu marido, estou na cadeia pagando por algo que eu não fiz. Eu amava o meu marido e jamais faria isso, tá sendo muito difícil a vida para mim.”  

Os outros réus: André Luiz, Rayane dos Santos, Marzy Teixeira e Simone dos Santos são os próximos a prestar depoimento.

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