Investigações da Polícia Federal descobrem esquema complexo usado por Peixão, chefe do TCP

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, comemorando a potência de um drone

Por Guilherme FariaGustavo Sleman

Investigações da Polícia Federal descobrem esquema complexo usado por Peixão, chefe do TCP
Traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão
Reprodução

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, comemorando a potência de um drone capaz de lançar granadas adquirido pelo grupo criminoso Terceiro Comando Puro. Em uma das conversas, Peixão afirma que a meta é atacar Doca, um dos chefes da facção rival Comando Vermelho. 

Os arquivos foram obtidos pela PF durante uma investigação que apura um esquema montado por Peixão para importar armamento pesado com o objetivo de abastecer favelas sob seu controle no Rio de Janeiro. As compras incluíam drones, fuzis e outros equipamentos de fornecedores de outros países, como China e Paraguai. Para isso, o criminoso utilizava o sistema de entregas de transportadoras e até dos Correios.  

A Polícia Federal teve acesso a conversas de Peixão com Everson Vieira Francesquet, integrante do grupo criminoso que atuava na negociação e na compra dos equipamentos. Os arquivos foram obtidos a partir da quebra do sigilo telemático de um celular apreendido com Everson, autorizada pela Justiça. Ele foi preso em flagrante por contrabando no ano passado, após retirar um fuzil anti-drone por meio de encomenda postal em uma agência dos Correios em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.    

As mensagens interceptadas foram enviadas entre junho e julho de 2024. De acordo com as investigações, Everson era o responsável por buscar na internet anunciantes de equipamentos como bloqueadores de sinais e drones e realizar a compra dos produtos escolhidos por Peixão, além de entregá-los ao criminoso. Em uma delas, Álvaro Malaquias Santa Rosa fala para Everson que, a partir de então, o grupo não iria parar as compras, adquirindo novos equipamentos semanalmente.  

No celular do preso, os policiais também encontraram conversas com vendedores da China e do Paraguai. Além dos diálogos, foram localizadas no telefone apreendido diversas imagens de equipamentos proibidos, como fuzis anti-drone e bloqueadores de sinais. 

Para o antropólogo e capitão veterano do BOPE, Paulo Storani, o investimento em ferramentas de monitoramento é essencial para impedir o avanço da atividade criminosa. 

Isso é preocupante porque mostra que eles estão atualizados com essas ferramentas de aquisição e de recepção desse material. Isso mostra que vivemos uma situação difícil, sem dúvida nenhuma, e é preciso (que as autoridades) se aprofundem nas ferramentas de acompanhamento e fiscalização dessas atividades, no sentido de identificar e criar obstáculos ou impedir que situações como essa ocorram. 

Em nota, os Correios afirmaram que a área de segurança da empresa identificou a atividade da facção criminosa e informou o caso à PF. A estatal também esclareceu que mantém uma atuação rigorosa no combate ao envio de objetos ilícitos por meio do serviço postal e que trabalha em parceria com órgãos de segurança e fiscalização. 

Álvaro Malaquias Santa Rosa segue foragido. Apontado como um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, ele é investigado pela Polícia Federal pelo crime de terrorismo e pode se tornar o primeiro traficante a ser indiciado no Brasil por esse tipo de delito.  

Peixão teve a primeira anotação criminal em 2015. Hoje, são pelo menos 50 registros na folha dele, com cerca de 20 mandados de prisão por crimes como tráfico, homicídio, tortura, assaltos e ocultação de cadáver. 

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