Inflação oficial do país fecha 2023 com alta acumulada de 4,62%, segundo o IBGE

Após dois anos consecutivos, crescimento ficou abaixo da meta

Por João Videira (sob supervisão)

Inflação oficial do país fecha 2023 com alta acumulada de 4,62%, segundo o IBGE
Inflação oficial do país fecha 2023 com alta acumulada de 4,62%
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A inflação oficial do país fecha 2023 com alta acumulada de 4,62%, segundo o IBGE. O crescimento ficou abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), após dois anos consecutivos acima da perspectiva do CMN. Em 2023, a meta de inflação era de 3,25% com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

No ano, o maior impacto veio do grupo Transportes, que acumulou alta de 7,14%. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado principalmente pelo aumento da gasolina, que tem o maior peso no Índice de Preços ao Consumidor Amplo.  

As passagens aéreas também tiveram contribuição especial para o acumulado, atingindo um crescimento de 47,24%. O subitem foi destaque constante nas divulgações do IPCA ao longo de 2023

Em meio à alta, no setor o Governo Federal anunciou o Programa Voa Brasil, que a partir de fevereiro deve oferecer passagens aéreas a R$ 200 por trecho. Inicialmente, os beneficiários serão aposentados do INSS e bolsistas do Prouni.

A aposentada do INSS Beatriz Maria Corrêa Machado relata que, com preços atuais, deixou de viajar.  

"Infelizmente, depois que me aposentei, como meu padrão de vida caiu muito. Eu conseguia viajar antes, estou aposentada há um ano e nunca fiz mais nada. Meu dinheiro não rende, já que só gasto em remédios. Nem consigo pensar em comprar passagem", completa. 

O segmento de Alimentação e bebidas contribuiu para segurar a inflação o longo do ano passado. Foram quatro quedas consecutivas de junho a setembro de 2023 (somando 2,65%). Apesar de ter fechado o ano em alta de 1,03%, esse foi o menor crescimento deste item desde 2017.

O gerente do IPCA, André Almeida, comenta os benefícios da desaceleração em relação aos anos anteriores.

"A gente teve a combinação de safras muito boas e redução das commodities agrícolas no mercado internacional. Isso contribui para uma redução no preço de diversos alimentos, em especial as carnes e o frango", destaca ele.

Itens monitorados

Para além da gasolina e das passagens aéreas, outros itens monitorados contribuíram para puxar para cima o resultado da inflação anual.

É o caso de emplacamento e licença, plano de saúde, energia elétrica e residencial, refeição e arroz, ensino fundamental e condomínio.

Índice de dezembro

Responsável pela maior variação e pelo maior impacto do IPCA de dezembro, o grupo Alimentação e bebidas variou 1,11%.

67% dos subitens alimentícios tiveram altas nos preços em dezembro. As passagens aéreas foram o subitem com maior impacto naquele mês. O IBGE atribui o crescimento à sazonalidade.  

A surpresa positiva no último mês do ano ficou por conta dos combustíveis com a queda de óleo diesel, etanol, gasolina e gás veicular. A baixa foi puxada por dois ajustes para baixo no preço do diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras.

Localidades

De acordo com o instituto, no recorte das capitais, a maior variação de dezembro foi em Rio Branco, no Acre, por conta da alta da energia elétrica. Já a menor variação anual ficou por conta de Aracaju, em Sergipe, graças ao preço favorável da gasolina.  

Mercado

No ano, os preços passaram a subir de uma maneira mais devagar do que a esperada pelo mercado financeiro. O primeiro boletim focus divulgado pelo Banco Central no ano passado mostrava que os analistas previam uma inflação fechada em 5,31% em 2023.

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, defende a redução nos juros com cautela, diante dos resultados de 2023.

"Vai bem em linha com o nosso cenário de que o Banco Central deve continuar reduzindo os juros de maneira cautelosa", conta ela.

A inflação dentro do estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional é um dos parâmetros utilizados pelo Bacen para o corte nos juros.  

Mais notícias

Carregar mais