Inflação acelera em julho puxada pelo preço dos combustíveis

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta no mês passado. O maior impacto e a maior variação vieram de Transportes

Por João Videira (sob supervisão)

Inflação acelera em julho
José Cruz/Agência Brasil

A inflação acelera no mês de julho e fica em 0,12%. O resultado é 0,2 ponto porcentual acima da taxa de junho e foi impactado, principalmente, pelos preços dos combustíveis. No mesmo período do ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia sido de -0,68%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta no mês passado. O maior impacto e a maior variação vieram de Transportes. O setor acelerou 1,5%.

De acordo com o economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, a gasolina foi o produto que mais impactou a inflação de julho, cujo peso no IPCA é de, aproximadamente, 5% do índice cheio. 

"A principal razão para isso está na reoneração dos impostos federais sobre combustíveis, principalmente a gasolina. Ela tem um peso muito relevante no IPCA. Então a gente teve uma alta bastante forte e em julho (4,75%) contra uma queda (1,14%) em junho."

Maluf acrescenta que a aceleração da indústria de automóveis novos também teve força no resultado. 

“Eu colocaria também destaque sobre a questão da aceleração em automóveis junho. Saiu de uma queda em junho de -2,76% e devolveu essa queda parcialmente com uma alta de 1,65%.”

Foram registradas ainda altas no gás veicular (3.84%) e no etanol (1,57%), enquanto o diesel caiu 1,37%.

Dados pesquisados

Dentre os dados pesquisados, no lado das altas somam-se os grupos de Despesas Pessoais (0,38%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,26%), Educação (0,13%) e Artigos de residência (0,04%).

Em relação às quedas, os destaques foram os setores de Habitação (-1,01%) e de Alimentação e Bebidas (0,16%). 

Habitação

Uma queda importante no mês de julho foi a dos preços de Habitação (-1,01%). De acordo com o IBGE, a contribuição veio da queda na energia elétrica residencial (-3,89%) e (-0,16) ponto percentual sobre o IPCA cheio.

Apesar do saldo positivo, quem mora de alguel ainda sente no bolso os altos valores do mercado imobiliário. É o caso da modelo Iano Baldez, do Rio de Janeiro - estado com variação positiva de 0,03%.

"Apesar da queda da inflação em habitação o valor do meu aluguel continua muito alto e pesa no meu bolso", afirma.

Nos índices regionais, treze das dezesseis áreas pesquisadas apresentaram alta em julho. A maior variação foi registrada em Porto Alegre (0,53%). A menor, em Belo Horizonte (-0,16%).

Meta de inflação 

Para 2023, o governo definiu uma meta de inflação de 3,25%, que prevê uma margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. 

De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), para 2024 e 2025 a expectativa é de 3%. Já para 2026, a meta tambem será de 3%.

Para o economista Alexandre Maluf, o mercado segue otimista no processo de desinflação brasileiro. Ele acredita que a economia brasileira deve ter variações mais moderadas no segundo semestre, com uma demanda menor.

O IPCA é um dos mais importantes indicadores para que o Banco Central defina a taxa básica de juros (Selic). Na última semana, a autoridade monetária decidiu reduzir os juros para 13,25% ao ano - primeiro corte desde 2020. A melhora na inflação foi uma das justificativas para a redução na Selic.

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