A Polícia Federal classifica como o maior caso de tráfico de animais silvestres de grande porte do Brasil a transação de importação de 18 girafas com destino ao Bio Parque do Rio.
Em um relatório apresentado sobre o inquérito, a PF diz que os 15 animais que sobreviveram têm ferimentos ao redor dos olhos, pernas e torsos e enfrentam condições que põem em risco suas vidas. Os policiais também afirmam que há irregularidades no espaço destinado aos animais, em um resort de luxo na Costa Verde, para onde foram levados para cumprir quarentena.
Os problemas vão, desde o tamanho do local, até a forma como as girafas se alimentam e bebem água.
Três dos 18 animais morreram em uma tentativa de fuga, no final do ano passado. Sobre o episódio, a Polícia Federal disse que os coágulos encontrados nas girafas estão associados à 'miopatia de captura', ou seja, até a hora da morte, elas teriam sofrido. As investigações apontam que os animais estão em um lugar de pouca luz, alta umidade, mobilidade limitada e cercados de excrementos.
Gerente de pesquisa da AMPARA Silvestre, Mauricio Forlani afirma que as girafas estavam em extremo estresse.
O negócio é milionário: uma empresa com sede no Panamá aparece no inquérito como a vendedora. Uma fatura mostra que o valor da transação foi de mais de um milhão de dólares, cerca de cinco milhões de reais. Já uma empresa com sede na África do Sul aparece na fatura como transportador/exportador de 18 girafas vivas. Os investigadores dizem o recolhimento dos animais foi perto de Johanesburgo.
O BioParque nega que haja ilegalidade na importação dos animais. A nota diz que a manifestação da perícia criminal contraria os laudos técnicos elaborados pelo perito judicial e pelo Inea e conclusões de diligências realizadas, que atestaram o bem-estar das girafas. Os animais estão sob os cuidados de uma equipe técnica especializada, com ampla experiência. Ainda segundo o Bio Parque, os animais sempre estiveram em ambiente seguro e em recintos com tamanhos superiores aos mínimos fixados pela legislação.