'Imoral', dizem credores sobre plano de Recuperação Judicial da Light

Com R$ 11 bilhões em dívidas, a companhia apresentou à Justiça do Rio o plano com seis alternativas de pagamentos a credores

Por João Videira (sob supervisão)

Acionistas da empresa podem definir a nova composição do Conselho de Administração
Reuters

Representantes de mais de três milhões de investidores que emprestaram R$ 5 bilhões para a Light divulgam carta se opondo ao plano de Recuperação Judicial (RJ), apresentado pela empresa na última sexta-feira (14).

Com R$ 11 bilhões em dívidas, a companhia apresentou à Justiça do Rio o plano com seis alternativas de pagamentos a credores. Dentre elas, a que prevê o desconto mínimo de 60% da dívida a ser paga aos acionistas e a emissão de novos títulos de dívida (debêntures) com desconto de 20%.  

As gestoras dizem ter a convicção de que a lei proíbe as concessionárias de energia elétrica se submeterem à recuperação judicial. A suposta irregularidade já foi objeto de comunicado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em nota, a reguladora havia frisado que concessionárias de serviços públicos de energia estariam impedidas de tomarem essa medida.  

Na visão do grupo, o plano é "ilegal, imoral e injusto" ao alocar o ônus da situação financeira da empresa aos credores, e, dessa forma "transfere riqueza ao acionista".  

Os debenturistas ainda afirmaram que a proposta de Recuperação Judicial viola o contrato de concessão da Light - que obriga os acionistas, não os credores, a preservarem o nível de capitalização da concessionária.

O plano apresentado na semana passada prevê o pagamento à vista para créditos de até R$ 10.000. Na prática, o grupo de debenturistas não é atendido pelo montante.  

O grupo de acionistas completa o comunicado afirmando que a tentativa de impor o regime de recuperação judicial às concessionárias do grupo sugere que pode ter havido esvaziamento do patrimônio da devedora e fraude ao conjunto de credores.  

Nesta terça-feira (18), acionistas da empresa podem definir a nova composição do Conselho de Administração da Light. A mudança pode ser decidida na Assembleia Geral Extraordinária (AGE).  

A reunião foi convocada pela WNT, gestora que acumula a maior fatia de ações da empresa, ultrapassando os porcentuais de Ronaldo Cezar Coelho e Carlos Alberto Sicupira, antigos acionistas de referência.  

A possível alteração na composição do conselho de administração pode ser vista com bons olhos pelo grupo de debenturistas, que ainda afirma não ter aberto um canal de diálogo concreto com interlocutores da Light.

A BandNews FM aguarda posicionamento da Light.

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