O IBGE pede ao Governo Federal a publicação de uma medida provisória para flexibilizar a contratação de recenseadores. A medida acontece devido à baixa adesão em relação ao número de vagas disponíveis na operação do Censo 2022. Em três meses, menos da metade das vagas foram preenchidas. Com isso, o Instituto espera poder contratar microempreendedores individuais, aposentados do serviço público, professores da rede pública, ex-agentes de pesquisa e mapeamento do IBGE, entre outros, que antes eram proibidos de atuar como recenseadores.
Mais de 136 milhões de pessoas foram recenseadas desde o início da coleta do Censo Demográfico 2022 até o dia 31 de outubro, em cerca de 47 milhões e 740 mil domicílios. Os números representam 64% da população estimada do país. O IBGE calcula que o Brasil tenha 213 milhões de habitantes. Os dados foram divulgados pelo Instituto nesta terça-feira (1).
A expectativa inicial do IBGE era terminar a coleta em outubro. No entanto, o Instituto teve que prorrogar o recenseamento mais uma vez até meados de dezembro. As informações do Censo devem ser entregues ao Tribunal de Contas da União até o dia 28 do mês que vem.
Segundo o coordenador técnico do Censo 2022, Luciano Duarte, o novo adiamento da entrega dos dados é em virtude do porcentual de recenseamento abaixo do esperado. Um dos motivos é o reduzido número de profissionais contratados.
“O percentual de população recenseada está abaixo do esperado. Isso motiva o adiamento da entrega dos dados, por conta da quantidade de recenseadores. É necessário flexibilizar a contratação de mão de obra.” disse o profissional.
Cerca de 2,33% das residências se recusaram a responder os questionários do Censo. São Paulo, Roraima e Rio de Janeiro lideram entre os estados com o maior número de domicílios que recusam participar da entrevista.
9 milhões de pessoas vivem em Aglomerados Subnormais, que são ocupações irregulares do terreno para fins de moradia. Para o IBGE, essas regiões são, na maioria, carentes de serviços públicos essenciais. Em 2020, esse número era de 11 milhões. A tendência é que ao final do Censo 2022 o dado não apresente queda. Para o professor de Sociologia da Uerj, Dario Souza e Silva Filho, há pelo menos três motivos para o número não apresentar redução no atual Censo.
“Uma delas é o processo de mergulho na pobreza extrema, visível também nas regiões metropolitanas e centros urbanos. Estamos falando de uma sequência de governos recentes que secundarizam a distribuição, seja do acesso à terra, moradia, aos serviços, ao trabalho e à renda. Um outro fator é a redução drástica de um dos setores tradicionais importantes da nossa economia que é a construção civil. A gente tem uma multidão de pessoas que não conseguiu ingresso na economia formal e nem na informal.” destaca o sociólogo.
Segundo o pesquisador da Uerj é necessário pensar em políticas públicas, que devem ser feitas pelos próximos governos para que se tenha uma redução de pessoas residindo em áreas de aglomerados subnormais.
“Políticas de moradia, políticas de educação na sua esfera geral. Falar da universalização da educação é um investimento, inclusive nas credenciais produtivas dessa geração e das próximas. O reforço da conexão de políticas de habitação com políticas de saúde e de transferência de renda, que precisam ser tratadas de maneira mais séria. É necessário tratar de transferência de renda condicional a manutenção de vacinação, manutenção da presença na escola. É um investimento não apenas na transferência de recursos econômicos, mas na articulação da transferência com um conjunto de políticas públicas.” conclui.
Do total dos recenseados, 51,7% são mulheres e 48,3% homens. Além disso, 38% se concentram na Região Sudeste, 32% no Nordeste, 14% no Sul, 9% na Região Norte e 7% no Centro-Oeste.
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia são os únicos estados com mais de 10 milhões de pessoas recenseadas. O estado paulista atingiu a marca de 25 milhões e 332 mil habitantes.
Mais de 1 milhão e 230 mil indígenas foram recenseados, o que representa 0,90% do total. Quase metade reside no Amazonas ou na Bahia. O IBGE também entrevistou cerca de 1 milhão de quilombolas, a maioria na Bahia e no Maranhão.
O próximo balanço deve ser divulgado no início de dezembro pelo IBGE.