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Hospital Municipal Miguel Couto foi um dos locais notificados por despejo irregular de esgoto

O despejo foi identificado por fiscais da Águas do Rio que realizaram testes na galeria de águas pluviais da Rua Mário Ribeiro

Por João Boueri

Hospital Municipal Miguel Couto foi um dos locais notificados por despejo irregular de esgoto
Arquivo/Prefeitura do Rio

O Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul do Rio, foi um dos locais notificados pela concessionária Águas do Rio por despejar esgoto de forma irregular no Canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no primeiro semestre de 2024. A informação consta em um relatório da empresa obtido pela reportagem da BandNews FM

O despejo foi identificado por fiscais da concessionária que realizaram testes na galeria de águas pluviais da Rua Mário Ribeiro. Os agentes constaram que os banheiros do hospital estão conectados à rede. Os testes são feitos por meio de um corante.

Diante da situação, os dois banheiros do vestiário de funcionários do Centro de Emergência Regional (CER) foram interditados pela Secretaria Municipal de Saúde, que prometeu resolver a situação até segunda-feira (16). 

Após os 30 dias do prazo informado durante a notificação da irregularidade, a concessionária retornou à unidade de saúde em julho. No entanto, o despejo de esgoto na galeria de águas pluviais não havia sido corrigido pela Secretaria Municipal de Saúde, que foi novamente notificada pela empresa. A consequência imediata e direta é a poluição do Canal da Visconde de Albuquerque. 

O secretário Daniel Soranz disse que os funcionários do Hospital Miguel Couto inspecionaram toda a rede de águas pluviais e de esgoto e encontraram o problema. 

A notificação foi recebida pelo Hospital Miguel Couto, que inspecionou toda sua rede e encontrou dois banheiros do vestiário de funcionários do Centro de Emergência Regional do Celeblon. Os dois banheiros foram interditados, eles estavam com uma ligação errada, a ligação estava feita para o sistema de águas pluviais e não para o sistema de esgoto e até segunda-feira toda essa ligação já vai estar corrigida

A fiscalização do despejo irregular do esgoto é feita com uma tecnologia de vídeo inspeção robotizada que auxilia os técnicos da concessionária Águas do Rio na identificação de imóveis com conexões irregulares. 

O primeiro passo é a notificação para adequação em até 30 dias. Em seguida, a empresa realiza uma nova visita para verificação. Se a irregularidade ainda não tiver sido sanada, é aplicada multa. Segundo a Águas do Rio, a recorrência dos casos diminuiu ao longo dos últimos anos com um trabalho corretivo e de conscientização e não punitivo. A concessionária conta com auxílio das associações de moradores da região. 

No início das ações de fiscalização, grande parte dos edifícios notificados não tinham ciência das conexões irregulares identificadas pelos técnicos, por serem obras antigas e mal feitas que conectam a parte da saída dos dejetos à galeria pluvial.

A reportagem da BandNews FM teve acesso a outras quatro notificações da Águas do Rio. Três imóveis estão localizados no bairro com o metro quadrado mais caro do país, segundo o último Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb, no Leblon, também na Zona Sul. 

O quarto espaço se trata de uma escola particular bilíngue, na Gávea. Apesar de se apresentar como "referência em educação de qualidade", o colégio foi flagrado pelo menos duas vezes pela concessionária Águas do Rio com despejo irregular de esgoto no Canal Visconde de Albuquerque

Segundo a concessionária Águas do Rio, desde novembro de 2021, quando a empresa começou a operar, 171 notificações foram feitas a respeito de despejo irregular de esgoto na região do canal da Visconde de Albuquerque. Todas as infrações foram realizadas por 51 edifícios. 

Sessenta e nove milhões de litros de esgoto são retirados, em média, por mês na bacia do canal, de acordo com a concessionária. Ao todo, foram mais de 2 milhões e 300 mil litros de esgoto no período. 

A comporta do canal é de responsabilidade da Fundação Rio-Águas, da Prefeitura do Rio. O critério para abertura do equipamento é o acúmulo de fortes chuvas para o escoamento das águas pluviais. 

Já a Fundação Rio-Águas disse que concluiu há dois meses a requalificação de pedras e concretos em mais de 1.400 metros do canal. Novas rampas de acessibilidade e serviços de reparos nas calçadas também foram realizados pelo órgão, que também disse que replantou jardins de chuva, ao longo do curso d'água, para aumentar a área permeável das margens e facilitar a absorção da água da chuva.

Em nota, a Águas do Rio disse que segue a fiscalização do o canal da Visconde de Albuquerque em busca de despejo irregular de esgoto nas galerias pluviais que deságuam nele.

O canal da Visconde de Albuquerque foi um pedido do então prefeito do Rio, Carlos Sampaio, em 1922. Ele foi concluído cerca de quatro anos depois e virou um espaço de encontro de conhecidos para inclusive nadar nas águas até então límpidas. 

O canal, que faz parte da Sub-Bacia da Lagoa Rodrigo de Freitas, foi criado para desviar os cursos dos rios Rainha, Macacos e Cabeça, além de reduzir a dragagem da Lagoa. A comunicação é direta com o mar.

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