Um homem de 61 anos é preso suspeito de ter ateado fogo no Monumento Natural da Serra da Beleza, em Valença, no Sul do Rio de Janeiro. Uma câmera de segurança flagrou um criminoso na semana passada descendo de uma moto às margens da Rodovia RJ-143, dando início ao incêndio e indo embora.
De acordo com a Polícia Civil, após o crime, o suspeito foi flagrando por câmeras de segurança conversando com um motorista, morador da região, que confirmou em depoimento ter encontrado com o investigado.
Sebastião Cloves da Silva foi localizado em uma fazenda de difícil acesso, durante uma operação conjunta das Polícias Civil e Militar e do Instituto Estadual do Ambiente na cidade nesta terça-feira (17).
A moto, as roupas e o capacete usados pelo suspeito foram apreendidos.
O caso aconteceu no dia 11 e deu início a um incêndio que destruiu aproximadamente 2.700 hectares, sendo 1.500 de Área de Proteção Ambiental. São quase 3 mil campos de futebol queimados.
Segundo o Inea, o Parque da Serra da Concórdia, em Valença, também foi atingido por incêndio e quase 2 mil hectares foram destruídos. Os focos só foram extintos no domingo (15).
Pelo menos 20 pessoas são investigadas pela Polícia Civil por possível ligação com incêndios criminosos no estado.
O Ibama acredita que houve um comando para um Dia do Fogo no Rio de Janeiro, ou seja, para a realização de incêndios intencionais. O termo surgiu em 2019, quando, segundo investigações, produtores rurais do Pará atearam fogo na Amazônia de forma ordenada.
Nesta terça-feira (17), o instituto realizou uma reunião com diversos órgãos, como o ICMBio e as Polícias Civil e Federal e criou uma comissão para melhorar a comunicação e o combate ao problema.
Entre os dias 12 e 14 de setembro, houve um aumento exponencial no número de queimadas no estado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, no mesmo período no ano passado, foram 23 focos de incêndio. Nesse ano, foram 139. De 9 a 11 de setembro desse ano, foram 63 focos, ou seja, em três dias, o número mais que dobrou.
A superintendente substituta do Ibama no Rio, Carolina Esteves, ressalta que isso pode indiciar incêndios intencionais e pede que a população denuncie suspeitas de crimes ambientais.
Do dia 12 até o dia 14, o número de focos de incêndio no estado aumentou muito, superou em muito a expectativa que o Corpo de Bombeiros tinha, o que sugere uma ação coordenada. Esses comunicados de denúncia podem ser recebidos pelo Linha Verde, pelo FalaBR, pelo Disque Denúncia. É preciso que as pessoas se comuniquem, para que os casos cheguem até os órgãos de polícia e possam ser investigados
Só nesse ano, o número de denúncias ao Linha Verde, programa ambiental do Disque Denúncia foi de 440, mais do que em todo o ano passado, quando foram 307 registros.
Ainda segundo Carolina Esteves, o Ibama analisa quais locais afetados vão precisar de reflorestamento e quais vão conseguir se recuperar naturalmente.
Desde a última quinta-feira (12), o Corpo de Bombeiros já extinguiu mais de 1.400 focos de incêndio em vegetação no estado.