Grupos criminosos dominam cerca de 99% do território de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. É o que mostra um levantamento da Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), organização ligada aos direitos dos negros que produz dados sobre violência no estado do Rio.
De acordo com o estudo, as milícias estão na maior parte da cidade, com 73% do município sob domínio, o que representa uma área de cerca 380 km² no controle desse grupo.
A facção de tráfico de drogas Terceiro Comando Puro tem 9,5% do território, outros 9,5% estão em disputa pelas quadrilhas, e 5,4% são dominados por grupos de extermínio. A facção Comando Vermelho está em 1,4% da extensão do município.
O mapa aponta ainda que, com objetivo de expandir o domínio sobre determinadas áreas, a milícia se associa às facções de tráfico de drogas.
Segundo os pesquisadores, o domínio quase completo exercido pelos grupos armados na cidade acontece, em parte, pela falta de infraestrutura adequada e pelos baixos recursos financeiros, que deixam alguns territórios mais vulneráveis ao domínio das quadrilhas.
De acordo com o estudo, a milícia em Nova Iguaçu acumula recursos a partir da taxação de estabelecimentos comerciais, agiotagem, exploração dos serviços de TV e Internet, transporte alternativo, fornecimento de gás e água e serviços de empresas de segurança privada.
Os milicianos também realizam invasão de condomínios de programas habitacionais, investem em construtoras de imóveis, implantam franquias de lojas e vendem produtos falsificados.
O coordenador da iniciativa responsável pelo estudo, Fransérgio Goulart, afirma que as milícias têm ainda outra forma de exercer poder na cidade, por meio da ocupação de cargos políticos nos poderes Legislativo e Executivo.
O mapeamento dos grupos armados foi realizado com base em informações colhidas com moradores do município, por meio de entrevistas.