Gabriel Monteiro afirma que ofereceu dinheiro para forjar furto

Segundo o vereador, dinheiro foi oferecido para que morador de rua praticasse o crime em "experimento social" promovido em seu canal do Youtube

Thuany Dossares

Gabriel declarou ter oferecido dinheiro ao ser questionado por jornalistas
Reprodução

O vereador Gabriel Monteiro confirmou que ofereceu dinheiro à um morador de rua para que ele praticasse um furto para um vídeo do canal do youtube do parlamentar. Para justificar o crime forjado, Monteiro diz que a gravação seria um experimento social para provar como as pessoas podem cometer crimes por dinheiro.

"É um vídeo campanha meu contra o feminicídio. Era o seguinte, alguém que aceita, por dinheiro, jogar a bolsa de uma mulher na rua e assim ser atropelada pelo seu desafeto. A gente fala 'vamos dar um dinheiro para você, para você participar de um crime, e assim a pessoa ser atropelada e você receber um dinheiro'. É um experimento social, a gente não dá o dinheiro, a gente oferece. Na hora que a pessoa joga a bolsa para a mulher ser atropelada, eu chego e faço questionamentos às pessoas", afirmou o vereador.

Durante a tarde desta terça-feira (21), o delegado Luís Maurício Armond, responsável pelas investigações contra Gabriel Monteiro, prestou depoimento na Câmara do Rio, como testemunha de defesa do parlamentar, no processo ético-disciplinar que pode levar à cassação do mandato do vereador.

Armond explicou que induzir uma pessoa a cometer um crime, mesmo com o objetivo de se fazer um experimento social, também configura crime, e que oferecer dinheiro ainda é um agravante.

"O embasamento em si não vai afastar a ilicitude do fato, caracterizando realmente que houve as exposições, embora seja um experimento, não é todo experimento que é permitido. Inicialmente eu não vejo como isso afastar alguma coisa. A simulação tudo bem, mas a exposição ela é real, então você simulando uma situação, nem todos os personagens, pelo que está sendo apurado, estariam cientes dessa questão. Então, não seria só uma encenação, haveria a possibilidade de acontecimentos imprevisíveis", declarou o delegado."

Relator do processo, o vereador Chico Alencar classificou como um gol contra a estratégia dos advogados do parlamentar, de escolher Armond como testemunha de defesa.

"A defesa arrolou o delegado da 42ª DP. Em tese, a gente fica achando que quem é arrolado pela defesa é para defender o representado aqui. Mas, eu só digo o seguinte, os melhores times também fazem gol contra. O delegado agiu com muita isenção", disse Alencar.

Além do delegado, quem também foi ouvido pelo Conselho de Ética foi o policial militar Pablo Foligno. Ele integra a equipe de segurança do vereador e participa do vídeo em que um morador de rua é induzido a forjar um furto. Nas imagens, ele joga a pessoa em situação de vulnerabilidade no chão com um empurrão, após ele ser abordado por Monteiro, depois que seguiu as orientações para pegar a bolsa de uma mulher.  

Os vereadores do Conselho de Ética contaram que o PM chegou a declarar que compreende o morador de rua ter se exaltado em dado momento, porque ele não recebeu os R$ 400 combinados.

Os dois foram as últimas testemunhas a serem ouvidas. A fase de oitivas do processo se encerra na quinta-feira com o depoimento do próprio Gabriel Monteiro. Ao todo, o Conselho de Ética ouviu 13 testemunhas, sendo 5 de acusação e 8 de defesa. O procedimento pode levar à cassação do mandato do parlamentar.

Chico Alencar, espera conseguir entregar o relatório final do processo até o início de agosto.

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.