A Região Sudeste concentra mais da metade dos casos de violência contra idosos registrados no Brasil entre 2020 e 2023. A informação é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  

O levantamento observou, ainda, que houve um aumento significativo nas denúncias feitas no ano passado, com mais de 143 mil casos em todo o país.

A análise mostrou que, na maioria das ocorrências, os filhos são os responsáveis pelas agressões, que acontecem, principalmente, dentro da casa das vítimas.  

Além disso, o estudo concluiu que cerca de 67% dos idosos vítimas de violência em 2023 são do sexo feminino. Pessoas com mais de 80 anos também estão entre as mais atingidas, como destaca a professora da Escola de Enfermagem da UFF, Alessandra Camacho, uma das organizadoras do artigo.

Continua um aumento na violência para idosos com uma faixa etária de 80 anos ou mais. Isso nos leva a considerar que é uma característica de vulnerabilidade importante. E também tivemos um achado relevante que (mostra que) a maior incidência em termos de violência foi registrada com mulheres, mulheres idosas.

Os casos de violência contra idosos seguem em alta em 2024. Segundo os dados obtidos pela pesquisa no painel do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Rio de Janeiro já se aproxima das dez mil denúncias, ficando atrás apenas de São Paulo na Região Sudeste.  

A professora da Escola de Enfermagem da UFF, Alessandra Camacho, fala sobre a importância da capacitação dos profissionais para identificação dos casos de violência:

É importante destacar a relevância da capacitação dos profissionais que vão fazer o acolhimento, sejam esses profissionais da área da saúde ou não. É importante que esses profissionais estejam capacitados no sentido de fazer esse acolhimento e dar o prosseguimento correto da denúncia para que as providências cabíveis sejam tomadas.

A violência contra os idosos se manifesta de diferentes formas e inclui abandono, negligência, abuso financeiro, discriminação, violência física e emocional.  

Em 2011, a Organização das Nações Unidas criou o "Junho Violeta", que busca conscientizar a população a respeito da existência da violência contra o idoso.

No Rio, a Comissão de Assuntos da Criança, Adolescente e Idoso da Assembleia Legislativa oferece um canal de atendimento às vítimas de violência, como explica o presidente da comissão, deputado Munir Neto

Nós, da Comissão da Criança, Adolescente e da Pessoa Idosa da Alerj, estamos percebendo que o número de violência contra a pessoa idosa vem aumentando cada vez mais. A nossa comissão tem uma equipe multidisciplinar com assistente social, psicólogo, pedagogo e advogados, onde faz o acolhimento presencial ou pelo 0800, que é gratuito. (O número é o:) 0800239191.

Em todo o Brasil, as denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos) ou diretamente com a Polícia Militar, pelo 190. Os idosos vítimas de violência podem buscar auxílio, também, em unidades de saúde e delegacias.