Filho de mulher que internou mãe à força será acolhida em abrigo

A avó da criança disse não ter condições psicológicas de ficar com o neto

Por Mariana Albuquerque

O filho mais novo, de 2 anos, da mulher que foi presa por internar à força a própria mãe teve que ser acolhido em um abrigo da Prefeitura do Rio de Janeiro. A avó materna, Maria Aparecida Paiva, de 65 anos, disse que não consegue ficar com o neto porque não tem condições psicólicas para cuidar do bebê, que é uma pessoa com deficiência. A idosa disse estar muito abalada e com medo de a filha, Patricia de Paiva Reis, ser solta.  

Ela e o marido, Rafael Machado Neves, foram presos no último sábado (25), suspeitos do sequestro e internação à força da mãe de Patrícia e tiveram a prisão em flagrante convertida pela Justiça. No dia 6 de fevereiro, a idosa saia de uma agência bancária, quando foi abordada por dois homens, que a colocaram em uma ambulância e avisaram a ela que a ação era um pedido da família.

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Assistência Social, mas ainda não teve um retorno para saber para qual abrigo ele foi levado e como está o acolhimento do bebê.  

O outro filho de Patrícia, de 9 anos, ficou sob os cuidados da tia, Carina Penna, após a prisão da mulher. A criança é fruto de um outro casamento.  

Em 2022, Maria Aparecida e Carina Penna denunciaram ao Conselho Tutelar as condições que os filhos de Patrícia eram tratados pela mãe. De acordo com a avó materna, eles viviam sujos e, muitas vezes, sem a alimentação correta. A denúncia de maus-tratos chegou a ser levada para a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima.  

A reportagem também procurou à Polícia Civil para saber se houve prosseguimento da denúncia.  

De acordo com Maria Aparecida, foi a partir da descoberta da denúncia de maus-tratos por Patrícia que ela foi internada à força. Desde o sequestro, a idosa passou por duas clínicas psiquiátricas, a Revitalis e a Vista Alegre, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, que foram interditadas pela polícia.  

Nesta quarta-feira (01), o dono da empresa da ambulância e um funcionário que fazia o transporte para a clínica psiquiátrica devem prestar depoimento na delegacia.  

Nesta terça (01), a idosa que foi sequestrada prestou um novo depoimento, onde contou que só ao chegar em casa descobriu que a filha havia alugado o apartamento dela enquanto a idosa estava internada. A polícia ainda ouviu os diretores das clínicas psiquiátricas e uma médica. Os advogados que representam uma das clínicas, a Revitalis, estiveram na delegacia e pediram que os depoimentos da médica e do diretor fossem remarcados para sexta-feira.

O QUE AS CLÍNICAS DIZEM

Em nota, a Vista Alegre disse a clínica atende mais de 130 pacientes que não podem ter seu tratamento interrompido, e está colaborando com as autoridades para que a situação seja esclarecida o quanto antes. A unidade ainda relatou que, durante a estadia, a paciente recebeu assistência médica e participou das atividades, assim como recebeu seis refeições diárias. A clínica ainda alegou que não possui quartos sem janela, como a idosa relatou.  

Em nota, a Revitalis disse que a continuidade da interdição impacta dezenas de famílias com a descontinuidade do tratamento médico especializado de quase 80 pacientes e no comprometimento de mais de 100 profissionais diretos. A clínica prestou solidariedade com a paciente e disse que está à disposição das investigações. A Revitalis ainda enviou imagens de câmeras de segurança e relatou que a paciente se alimentava bem e sempre foi tratava bem.

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