A família de um torcedor do Fluminense que morreu no Maracanã após a partida contra o Fortaleza, na semana passada, denuncia negligência dos funcionários do estádio.
Sérgio de Souza Pinto, de 63 anos, não ia a uma partida do time de coração há cinco anos, por conta da pandemia de covid 19 e por questões financeiras, já que morava em São Gonçalo, na Região Metropolitana, distante do Maracanã.
Na última sexta-feira (22), ele foi com o filho e com o neto para acompanhar a partida que terminou empatada em 2 x 2. Após o jogo, Sérgio foi ao banheiro de deficiente, pois já tinha sofrido um AVC, quando outra pessoa abriu a porta, já que a tranca estava quebrada.
Irritado com a situação, ele reclamou com um funcionário da empresa Sunset, que presta serviços no estádio.
Após a discussão, Sérgio começou a passar mal em parada cardiorrespiratória e precisou ser segurado pela família. Diante da demora no atendimento, o filho de Sérgio, Wellington Pinto, diz que os próprios torcedores se mobilizaram para ajudar.
Na hora começou aquela comoção por parte dos torcedores do Fluminense. Eles foram tirando as camisas, abanando e aquela gritaria, aquele desespero. Os próprios torcedores do Fluminense irritados com a situação, com a demora. Eu não sei precisar o tempo que demorou para chegar o primeiro atendimento. Primeiro ainda veio uma cadeira de rodas. Aí a galera enlouqueceu mais ainda. E depois de muito tempo chegaram duas meninas. Eu lembro que botou a mão para ver se meu pai ainda estava com pulsação, aí olhou uma para a outra, viu que não tinha mais pulsação, que o negócio era grave.
Nas redes sociais, dezenas de torcedores que presenciaram a situação relatam a falta de proatividade dos funcionários que estavam nas proximidades.
Com a chegada do socorro, foi montado uma espécie de cercadinho para o atendimento. A família teve a notícia, após vinte minutos, de que ele seria levado de ambulância para a Coordenação de Emergência Regional, anexo ao Hospital Miguel Couto, na Zona Sul do Rio, mas que não poderia ir nenhum acompanhante no veículo. Segundo os familiares, Sérgio já chegou morto na unidade, mas a notícia foi dada duas horas depois.
Wellington conta que não recebeu auxílio do consórcio que administra o Maracanã ou do Fluminense. Ele pede justiça.
Não teve um desfibrilador, não teve uma massagem cardíaca, não teve um oxigênio, uma total falta de preparo. Segurança tem, um milhão da Sunset. Pouquíssimos com empatia e coração para poder ajudar. Eu tenho áudios no WhatsApp, as pessoas me mandando querendo ser testemunha ocular, tamanha revolta dos torcedores. Foi aí que eu tive a dimensão de toda a demora. Porque eu estava tendo aquela noção ali, mas eu era o filho, eu estava desesperado. Não quero dinheiro. Eu só quero que haja melhoria de um consórcio milionário, para que não aconteça. E se caso acontecer, ter pelo menos uma segunda chance, que meu pai não teve.
O Fluminense postou nas redes sociais uma nota lamentando a morte de Sérgio, que teve a foto mostrada durante o minuto de silêncio no jogo seguinte. Mas para a família, não é o suficiente.
A BandNews FM entrou em contato com o consórcio que administra o Maracanã, mas ainda não teve resposta.