A falta de trens enfrentada pelos passageiros da Supervia na quinta-feira (20) e nesta sexta (21) são reflexos de uma série de problemas que envolvem a concessionária. O educador físico Fábio Teixeira só soube que não tinha transporte quando chegou na estação Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta sexta. Pra quem depende dos trens, a situação já não é mais nem surpresa. Ele conta que toda hora é um problema diferente nos trens da Supervia.
O descaso no serviço já se arrasta há anos. O sistema, que atende quase 350 mil passageiros e tem uma malha ferroviária de 270 quilômetros com 104 estações, está no meio de uma disputa entre governo estadual e concessionária. O governo chegou a dizer que decretaria a decadência da concessão por não comprovarem os investimentos que deveriam ter sido feitos no serviço. Mas no início desse mês, a Supervia acabou conseguindo uma liminar na Justiça para impedir o governo de fazer qualquer alteração no contrato.
Com dívidas bilionárias, a concessionária entrou com um pedido de recuperação judicial em 2021. No ano seguinte, diante de uma sucessão de problemas como atrasos nos trens e violência, o governo lançou a Operação Estação Segura, que resultou em multas de mais de 12 milhões de reais para a Supervia, mas isso não foi o suficiente para melhorar o serviço.
Para o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, a situação é resultado da falta de continuidade dos investimentos feitos. Segundo ele, não há uma solução imediata, mas sim uma série de ações que precisam ser feitas para que os serviços comecem a retomar uma "normalidade".
Em meio a todos esses problemas e o impasse com o governo estadual, o diretor-presidente da Supervia, Antônio Carlos Sanches, anunciou que estava deixando o cargo já a partir desta sexta-feira (21), enquanto cerca de 30 mil passageiros ficaram sem trens por causa de uma falha no sistema elétrico da concessionária. Segundo a Supervia, o diretor saiu do cargo para se dedicar a projetos pessoas. O nome do novo diretor ainda não foi anunciado.