O ex-policial Natalino José Guimarães, um dos fundadores da milícia conhecida como 'Liga da Justiça', é preso durante operação do Ministério Público do Rio contra uma organização criminosa responsável pela grilagem de terras em Búzios, na Região dos Lagos. Outros seis integrantes do esquema foram presos na ação desta terça-feira (10).
Segundo o MP, o grupo atua desde 2020 utilizando práticas violentas e fraudulentas para ocupar e comercializar terrenos na região da Estrada da Fazendinha. As investigações revelaram que os integrantes utilizavam seguranças armados para intimidar os moradores e proprietários. Após as invasões, desmatavam as áreas invadidas, reloteavam e passavam a vender os terrenos.
De acordo com a denúncia, o grupo ainda se aliou a uma empresa em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, para promover o loteamento e venda da área invadida, dando lotes aos envolvidos com a milícia em troca da prestação de serviço de segurança das invasões.
Ainda na denúncia, o órgão aponta que Natalino seria o segurança do grupo de invasores e que teria recebido lotes de terra por uma suposta dívida de um dos líderes do esquema. Além disso, o recebimento destas terras teria como objetivo vincular o nome dos invasores à milícia de Campo Grande, buscando intimidar os verdadeiros donos dos imóveis, como explica o promotor do Ministério Público, Rafael Dopico.
Eram promovidas as invasões violentas. As invasões eram invasões armadas e, após as invasões, a ocupação dos imóveis invadidos por grupo armado. Esse grupo criminoso, após invadir os terrenos, entravam e desmatavam a Mata Atlântica do local, praticando crime ambiental, entravam em contato com empresas sediadas na zona oeste do Rio e entravam em contato com outras figuras, notoriamente conhecidas pela vinculação com a milícia, como forma de dissuadir e desestimular os reais proprietários de reaverem os seus direitos e irem atrás desses imóveis.
Natalino Guimarães já foi eleito deputado estadual em 2006, mas foi preso em 2008 após trocar tiros com policiais e acabou expulso de seu partido. Durante a chegada na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, Natalino negou todas as acusações.
Inocente de tudo, esses fatos não são verdadeiros. Eu quero viver a minha vida ao lado da minha família, mas infelizmente essas coisas acontecem. Eu não tenho nada a ver com isso, vou provar na Justiça. Espero que a Justiça faça a justiça que não fizeram comigo no passado. Nego completamente. [E a empresa de Campo Grande?] Não tem empresa nenhuma.
Os sete mandados de prisão preventiva e doze de busca e apreensão foram cumpridos com o apoio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado nos municípios de Búzios, Cabo Frio e Rio das Ostras, além da capital.
Natalino era irmão do ex-vereador Jerominho, também fundador da 'Liga da Justiça'. Ele foi assassinado em 2022 por determinação do miliciano Zinho, após, segundo as investigações, ele descobrir que o ex-político queria retomar a liderança da maior milícia do Rio de Janeiro com o irmão.