O ex-capitão da Polícia Militar do Rio Rodrigo Pimentel pode ter propagado informações falsas sobre a investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes para promover a defesa pública dos acusados pelo crime. Os irmãos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil Rivaldo Barbosa estão presos.
Segundo um relatório da Polícia Federal, em uma das situações, Pimentel teria dito que os investigadores não questionaram o ex-PM reformado Ronnie Lessa, réu confesso por matar as vítimas, sobre a origem das munições usadas, e não apuraram a origem das munições usadas. Em outro momento, o ex-capitão comentou que o contraventor Adriano da Nóbrega teria ido a um consultório odontológico em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, para perseguir Rivaldo Barbosa. No entanto, em depoimento à PF, o dentista responsável pela clínica disse que tanto Rivaldo, quanto Adriano da Nóbrega eram pacientes.
Segundo os investigadores, o então chefe da Divisão de Homicídios frequentou, em um período de dois anos, o berço das milícias do Rio e reduto do Escritório do Crime. A Polícia Federal aponta que Barbosa circulava sem ser incomodado e que podem ter acontecido encontros com milicianos no consultório.
Ainda segundo a PF, apoiadores da família Brazão mantinham um grupo nas redes sociais para verificar o impulsionamento de conteúdos falsos para descredibilizar a investigação e disparavam vídeos de entrevistas de Rodrigo Pimentel. O relatório da PF traz um print no qual ele responde a um homem identificado como Kaio, que parabenizou uma entrevista dele. Em resposta, o ex-capitão da PM disse: "ajude a turma".
Os investigadores também encontraram um e-mail de Rivaldo Barbosa a Rodrigo Pimentel. A PF identificou ainda um agradecimento feito para Pimentel em um material de uma das empresas ligadas a Barbosa e à esposa dele.
À BandNews FM, Rodrigo Pimentel disse que conhece Rivaldo Barbosa há 15 anos, indicou a empresa dele para serviços, assim como fez com outros profissionais, mas que nunca manteve relação comercial. Pimentel afirmou também que não há conduta criminosa em opinar sobre a investigação da Polícia Federal e que não tem qualquer relação com a família Brazão. O ex-capitão ressaltou ainda que foi o primeiro a citar que a linha de investigação deveria considerar a participação da família Brazão no crime.
As informações da PF constam no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal na quarta-feira (22).