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Estádios construídos e reformados para Copa de 2014 ainda têm dívida com o BNDES

Manutenção, segurança e baixo público são outros desafios enfrentados pelas arenas

Por Gabriela Morgado

Estádios construídos e reformados para Copa de 2014 ainda têm dívida com o BNDES
Reprodução/Secretaria do Desporto e Lazer do Amazonas

Os governos e empresas responsáveis pelo 12 estádios construídos e reformados para a Copa do Mundo de 2014 e para a Copa das Confederações de 2013 ainda enfrentam desafios. Entre eles, a manutenção e a segurança nas arenas, atrair público e, principalmente, a dívida com o BNDES, que financiou 11 dos projetos pela linha ProCopa Arenas.

A Arena da Amazônia, em Manaus, no estado do Amazonas, é uma das que sofrem com o esvaziamento. Com arquitetura inspirada na floresta e conhecido pela sustentabilidade, o público pagante do estádio costuma ser menor. A capacidade é de mais de 44 mil pessoas, mas, nos últimos anos, o público pagante não chegava, muitas vezes, a 10 mil pessoas. O local sedia mais jogos do Amazonas, atualmente na Série B, e do Manaus, na Série D.

O gramado da arena também é alvo de críticas, por sofrer com as altas temperaturas da região, mesmo com o processo de revitalização. Em maio, o técnico do Flamengo, Tite, disse que a condição do gramado atrapalhava os jogadores, após partida contra o Amazonas na arena.

O torcedor rubro-negro André Luiz Silva mora em Manaus e diz que os valores dos ingressos dos jogos no estádio são altos, frente às condições ruins.

Já o Mineirão, desde a reinauguração, em 2013, recebeu 504 partidas, cerca de 45 por ano, quando o contrato da Parceira Público Privada prevê 66 datas anualmente. A média de público é de 30 mil pessoas. A capacidade máxima é mais que o dobro, de quase 62 mil pessoas. Até hoje, foram 12,66 milhões de torcedores recebidos.

Enquanto isso, o Maracanã, que tem capacidade para quase 79 mil pessoas, recebeu mais de 2,208 milhões de pessoas só em 2024. A média de público por partida foi de 46 mil pessoas. Foram 48 jogos só de fevereiro até meados de agosto desse ano.

Por outro lado, apesar da fama e do grande público do Maracanã, o Estado do Rio de Janeiro ainda enfrenta um problema que não é mais sentido pelos gestores do Mineirão. A dívida com o BNDES. Na época, o Estado recebeu financiamento de R$ 400 milhões. Hoje, o saldo devedor, segundo o Governo do Rio, é de R$ 106 milhões.

A maior partes dos responsáveis pelos estádios enfrenta ainda a dívida com o BNDES, que financiou 11 dos 12 projetos.

O desafio também atinge os responsáveis pela Arena Castelão, em Fortaleza, no Ceará; o Beira-Rio, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; a Arena Fonte Nova, em Salvador, na Bahia; a Arena Pantanal, em Cuiabá, no Mato Grosso; a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata; a própria Arena da Amazônia, em Manaus; a Arena das Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte; e a Arena da Baixada, atual Ligga Arena, em Curitiba, no Paraná.

Dos R$ 4,145 bilhões desembolsados pelo banco no total, R$ 646 milhões ainda não foram pagos, de acordo com a instituição. Somente os valores relativos ao Mineirão e ao Itaquerão, a Neo Química Arena, foram devolvidos. No entanto, para isso, o Corinthians deve mais de R$ 700 milhões de empréstimos e juros à Caixa Econômica Federal, além de outras dívidas da construção da Neo Química.

Para o especialista em gestão pública Gladstone Felippo, o investimento foi necessário na época e, atualmente, os pagamentos deveriam ser prioridade, já que a dívida com um banco público impacta na população.

O especialista em Direito Público Gilmar Brunizio diz ainda que as dívidas afastam investidores privados dos Estados.

Somente o Estádio Mané Garrincha, hoje parte do complexo Arena BRB, foi construído totalmente com recursos do Distrito Federal. A arena, atualmente, tem grande parte da receita vinda, não do futebol, mas de eventos culturais e outras competições esportivas.

Já a Arena Pantanal está no meio de uma investigação de corrupção. Ao longo dos anos, já foi interditada, por causa de obras inacabadas pela construtora responsável. Os trabalhos ainda dependem de um processo que corre na Justiça entre o Governo do Estado e a empresa.

O Governo do Mato Grosso, procurado, disse que a dívida com o BNDES está sendo paga normalmente, com prazo até o final de 2026. A BRIo, administradora do Beira-Rio com o Internacional, disse que não pode se manifestar sobre a dívida por sigilo contratual e que, atualmente, está focada na recuperação total das áreas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Já o Mineirão, administrado pela Minas Arena, disse que a decisão de mandar uma partida no Mineirão é dos clubes e que a média de público é quase o dobro da do antigo estádio, que tinha média de 16,8 mil torcedores por partida. A nota afirma ainda que, de 2013 ao primeiro semestre de 2024, foram 1.111 eventos musicais, culturais, corporativos e de outros esportes, com um público total de 4.892.722 e que um estudo da UFMG, referente ao ano de 2022, mostrou a capacidade do Mineirão de injetar R$ 1 bilhão na economia de Minas Gerais, com R$ 61,5 milhões em impostos.

O Governo do Rio disse que a previsão de quitação é em agosto de 2027, já que o contrato teve o prazo inicial estendido por um ano, em 2020, por causa da pandemia da Covid-19.

A BandNews FM aguarda resposta dos demais citados.

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