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Estações "Central do Brasil" e "Gramacho" podem ser interditadas pelo Corpo de Bombeiros

Corporação identificou diversas irregularidades durante vistorias nas estações ferroviárias localizadas no Centro do Rio e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense

Por João Boueri

Estações "Central do Brasil" e "Gramacho" podem ser interditadas pelo Corpo de Bombeiros
JOÃO BOUERI

As estações ferroviárias Central do Brasil, no Centro do Rio, e Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, podem ser interditadas nos próximos meses pelo Corpo de Bombeiros. A Corporação identificou diversas irregularidades durante vistorias realizadas entre o final de agosto e início de setembro, a pedido do Ministério Público do Rio. 

A reportagem da BandNews FM teve acesso a uma investigação do órgão estadual, que instaurou um inquérito civil para investigar uma possível prestação deficiente do modal pela concessionária. O MP classificou como "falhas gritantes quanto à conservação e manutenção dos equipamentos elétricos e outros itens deteriorados". O promotor Carlos Andresano Moreira também destacou que as irregularidades colocam em risco a vida dos "milhares de passageiros transportados e empregados que trabalham nas estações".

A estação de Gramacho já se encontra em Auto de Interdição. No relatório da Corporação, os militares destacam que o local só possui extintores e iluminação de emergência no interior da bilheteria. O local não possui sinalização de segurança e saída de emergência, e o plano de emergência está fora dos padrões estabelecidos.

Um outro documento do Corpo de Bombeiros obtido pela reportagem mostra que a estação Central do Brasil não possui dispositivos contra incêndio e pânico. A SuperVia foi notificada duas vezes pelos militares, que destacaram a "inércia" na resolução do problema.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança, Jacques Sherique, a ausência dos itens pode ocasionar uma situação descontrolada dentro das estações em caso de sinistro.

A inexistência desses equipamentos pode levar a um incêndio de grandes proporções. Todo incêndio, como sabemos, começa pequeno. Então, a ausência desses equipamentos pode causar até a perda dessas estações em caso de um incêndio mais grave. E uma rota de fuga bem definida e demarcada, com sinalizações, é extremamente importante porque, em caso da estação estar com muita ocupação, a gente precisa ter um cálculo de como vão retirar essas pessoas no menor tempo possível para evitar que elas fiquem presas

As irregularidades se repetem em pelo menos 10 estações do sistema ferroviário. A estação Praça da Bandeira, por exemplo, também não possui dispositivos contra incêndio e pânico.

Um outro relatório do Corpo de Bombeiros também indica que a estação ferroviária do Engenho de Dentro não possui plano e iluminação de emergência. Já na estação Silva Freire, não há extintores disponíveis. Em agosto, a SuperVia foi notificada pelas irregularidades.

A estação de São Cristóvão não possui nenhuma mangueira e esguicho nos hidrantes do local, assim como as estações Maracanã e Manguinhos. No Maracanã, por exemplo, também não há sinalização de segurança, alarme de incêndio, segurança estrutural contra incêndio. Os mesmos problemas foram encontrados na estação de Manguinhos. 

Na estação de Triagem, o Corpo de Bombeiros não identificou hidrantes, acesso de viatura em edificações, segurança estrutural contra incêndio, iluminação de emergência e sinalização de segurança, assim como na estação São Francisco Xavier.

Além disso, as estações de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Pavuna, na Zona Norte, também foram notificadas pelo Corpo de Bombeiros. Em Padre Miguel, os militares também não encontraram hidrantes. 

O Ministério Público também analisou relatórios produzidos pela Central Logística e afirmou que as diversas inconformidades têm potencial para gerar acidentes ou ocorrências de grandes proporções, como explosão de transformadores de energia. O promotor responsável lembrou que a SuperVia já foi alvo de investigação do MP e que a concessionária estendeu o que classificou como "completo desleixo e falta de cumprimento do contrato".

Relatórios da Central Logística, braço do Governo do Rio, apontam falhas no sistema de sinalização. Em uma cabine da Estação de Engenho de Dentro há fiações expostas, mofo e infiltração que podem ocasionar panes elétricas. 

A Central Logística também lembrou os incêndios ocorridos em cabines da SuperVia, que ainda estão fora de operação, causando transtornos operacionais. Em relação à rede aérea, os servidores identificaram 145 estruturas de concreto armado e estruturas metálicas que precisam ser trocadas imediatamente, a maioria no ramal Santa Cruz e Belford Roxo. Elas são responsáveis pela sustentação de cabos elétricos.

A sinalização dos trens também é um problema enfrentado pela SuperVia. A Central Logística expôs no relatório que um dos circuitos de energia que alimentam a sinalização do modal teve os cabos furtados e não repostos pela concessionária. A companhia também destacou que há 35 transformadores de energia que precisam ser trocados por estarem no final da vida útil e com vazamento de óleo mineral, o que pode ocasionar uma explosão. 

Procurada, a SuperVia se limitou a dizer que vai atender às solicitações do Corpo de Bombeiros. Questionada novamente sobre o possível fechamento das estações Central do Brasil e Gramacho, a concessionária disse que não recebeu a autuação e que não há estações fechada. A concessionária acrescentou que recebe vistorias do Corpo de Bombeiros, mas que não foi notificada até o momento. Já a Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana e a Agetransp ainda não se posicionaram.

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