O filho de um paciente infectado com HIV durante um transplante de fígado conta que tudo corria bem até a notícia da infecção.
O idoso de 75 anos foi diagnosticado com um câncer e passou dois meses na fila de transplantes até ser chamado para o procedimento, que aconteceu em maio deste ano.
Em entrevista à BandNews FM, o filho do paciente, que preferiu não se identificar, conta que recebeu a notícia por telefone, na semana passada, e foi orientado a procurar um infectologista com urgência.
Eu recebi a ligação da equipe médica do transplante, e o médico me orientou a fazer uns exames de HIV no pai, porque o órgão que ele recebeu estaria com o vírus HIV. Aquilo foi um choque. A família ficou sabendo imediatamente. Corri com ele para fazer os testes e deu positivo. E agora estamos nessa luta para tentar, o mais rápido possível, entrar com os medicamentos.
O idoso não sabe que está infectado com o HIV. A família preferiu não contar por causa da condição de saúde dele.
O filho do paciente ressalta que os dias não têm sido fáceis.
Está sendo difícil todos os dias, 'né'? Porque a pessoa, o estado de saúde dele hoje não é de uma pessoa normal. Mesmo pós-transplante. Vão fazer cinco meses de transplante. É uma doença que não tem cura, 'né'? Vai conviver com esse vírus até o final da vida dele.
A Secretaria de Estado de Saúde procurou a família para prestar apoio, com psicólogo, assistente social e enfermeira.
Ao falar sobre a situação do idoso, o filho ficou emocionado:
Eu fico até emocionado porque ele também se pergunta porque tudo é com ele. Já não era a primeira cirurgia. Ele já fez várias cirurgias, de próstata, de rins. Mas essa cirurgia de transplante foi a mais pesada. Nunca imaginava que isso poderia acontecer. Nunca. A gente imagina que, de repente, acontece com muita gente, do órgão rejeitar. Às vezes ele mesmo pergunta 'será que está rejeitando?
Seis pessoas testaram positivo para HIV no estado do Rio. As contaminações aconteceram após os exames feitos por laboratório em dois doadores de órgãos que eram soropositivos apresentarem resultado negativo. A notificação do primeiro caso foi feita no dia 10 de setembro.
O Ministério Público, o Ministério da Saúde, a Anvisa, a Polícia Civil e o Cremerj investigam o caso, que foi divulgado com exclusividade pela BandNews FM nesta sexta-feira (11).