Especialistas rechaçam discurso de autoridades públicas Petrópolis

Cidade foi castigada por temporais em 1988, 2011 e 2022

Carlos Briggs

Rogério Santana Na Região Serrana, o número de vítimas chegou a 900
Rogério Santana
Na Região Serrana, o número de vítimas chegou a 900

Em 1988, 134 pessoas morreram depois que Petrópolis foi castigada por temporais. Treze anos depois, em 11 de janeiro 2011, a cidade enfrentou uma nova tragédia, que deixou 76 mortos. Na Região Serrana, o número de vítimas chegou a 900. Outras vítimas nunca foram encontradas.

Na época, engenheiros e geólogos da Universidade Federal do Rio de Janeiro destacaram a necessidade de um plano de ações, sobretudo em Petrópolis. Foram identificados 102 pontos, onde viviam 15 mil famílias. As regiões mapeadas como de alto risco incluíam os bairros da Quitandinha, Bingen, Independência e Alto da Serra, exatamente onde fica o Morro da Oficina, que desabou na tragédia desta terça-feira e que concentra o maior número de mortos em Petrópolis.

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Sérgio Portela, que pertence ao Grupo de Pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz, em é enfático: as autoridades públicas negligenciaram a situação ao não colocar o Alto da Serra na lista de prioridades para ações de prevenção a deslizamentos.

Mesmo com a sinalização de especialistas, o Morro da Oficina não conta com sirenes.

A coordenadora do Laboratório de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ana Luiza Coelho Netto, rechaça o discurso de que choveu além do esperado na região, como justificativa para a tragédia.

A coordenadora ainda destacou que a estiagem hídrica, fruto do desmatamento, acelera as alterações climáticas e contribui para as queimadas nas florestas. As consequências são imediatas: solo desprotegido e risco cada vez maior de deslizamentos.

Especialistas apontam ainda a necessidade de ações públicas efetivas e constantes, como política de habitação, mapeamento de solo, dragagem dos rios, sanemaento básico, obras de contenção em encostas e conscientização da população.

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