Responsáveis por alunos da Liceu de Artes e Ofícios, no Centro do Rio, já estão procurando outra instituição de ensino para matricular as crianças no ano que vem. Com 150 anos de história, a unidade de ensino que formou nomes como Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Cartola, anunciou que vai fechar as portas por causa de problemas financeiros.
A escola é particular, mas oferecia valores mais acessíveis dentro da esfera de escolas privadas. As mensalidades variavam de 200 a 400 reais. O custo incluía a possibilidade de atividades extracurriculares como dança, teatro, futsal, percussão, entre outros.
A Sarah França é mãe solteira e conta que o Liceu de Artes e Ofícios foi a única escola no Centro da Cidade que conseguiu ter condições pra pagar.
A dona de casa Osmarina Ferreira, mãe da pequena Agnês, de 6 anos, nem contou para a filha sobre fechamento da escola. Ela chega se emocionar quando toca no assunto.
Apesar de ser uma escola privada, o Liceu de Artes e Ofícios é mantido pela Sociedade Propagadora das Belas Artes, que depende de repasses do Governo do Estado para realizar a manutenção do espaço e garantir o pagamento de funcionários.
O problema é que segundo presidente da unidade, Paulo Frias, esses repasses não foram feitos em gestões anteriores. Agora, segundo ele, a instituição já soma dívidas trabalhistas de cerca de 4 milhões de reais.
Com o cenário complicado bem antes da pandemia de Covid-19, os funcionários não deixaram trabalhar, mesmo com salários atrasados. A professora Bianca Perdigão afirma que vai ficar na instituição até o final.
Fundado em 1858, o Liceu de Artes e Ofícios foi projetado pra ter acessibilidade e inclusão. Com mais de 150 anos de história, tem atendido uma população desfavorecida economicamente, sendo precursora do ensino profissionalizante do Brasil.
Com o fechamento da escola, nesta quinta feira, a instituição vai realizar a última formatura dos alunos do pré 2 que passaram pelo Liceu.