Entrada de hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul já atinge queda de 71%

A situação do município de Vacaria, no estado gaúcho, preocupa os comerciantes. É de lá que sai parte da produção de maçã

Por João Boueri

Os principais produtos que chegam do Rio Grande do Sul são maçã, cebola e pera
Divulgação

A queda na entrada de hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul na segunda maior central de abastecimento da América Latina já chega a 71%. A comparação foi realizada na Ceasa do Rio, em Irajá, na Zona Norte.  

Na semana do dia 28 de abril a 3 de maio, quando o período de chuvas começou no Sul do país, 1.452 toneladas chegaram a central. Agora, entre o dia 12 de maio e esta quinta-feira (16), apenas 329 toneladas foram registradas.

Os principais produtos que chegam do Rio Grande do Sul são maçã, cebola, pera, algumas frutas importadas, arroz para os atacados, pescados, carnes, batata e outros gêneros.  

A situação do município de Vacaria, no estado gaúcho, preocupa os comerciantes. É de lá que sai parte da produção de maçã. Para Sandro Jannuzi, de 51 anos, o preço pode continuar em alta. No ano passado, uma caixa de 120 unidades da fruta era vendida por R$120 na loja em que ele trabalha. Agora, não sai por menos de R$160.

Estava já com os preços elevados e com esse problema do desastre, infelizmente em relação à frete, em relação até a locomoção de vim pra cá, vai ficar um pouquinho difícil. Então a gente tem muita ajuda lá da empresa privada, das próprias empresas que estão ajudando a gente, os voluntários. O governo federal agora está começando a ajudar, então vamos ver como é que vai ficar. A tendência, infelizmente, é do preço subirum pouquinho porque além de estar com pouca maçã, está muito restrito o lugar, lá está muito abandonado.

Já para o gerente de loja Marcelo Vieira, de 48 anos, a quebra de safra da maçã já registrada no ano passado também devido as condições climáticas.

É quebra de safra, entendeu? Normal, problema do clima e eu acho que quase 50% ou menos da safra de maçã foi perdida. Eu trabalho forte aqui muito na maçã. O consumo no final compra menos, o poder de compra está menor no país, aí a gente vende menos e a despesa é maior, né?

No entanto, ainda não há risco de desabastecimento, segundo a Cesa. Para a chefe da Divisão Técnica da central de abastecimento, Rozane Moreira, o envio de hortifrutigranjeiros de outras regiões compensa a falta de alimentos do Rio Grande do Sul.

E ainda tá chegando alguns produtos do Rio Grande do Sul. Além disso, outras cidades que não enviavam produtos, estão enviando. Então, a princípio, sim, o abastecimento continua sendo feito.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária já estima que os produtores do Rio Grande do Sul devem abrir mão das culturas tradicionais e desenvolver outras atividades agrícolas e pecuárias nos próximos meses.

Como o solo absorveu muita água desde o início das chuvas no Rio Grande do Sul, no dia 27 de abril, ainda não se sabe, por exemplo, se haverá plantação de arroz ou trigo na próxima safra, segundo a Embrapa.

No último dia 10, o Governo Federal editou uma Medida Provisória que autoriza, em caráter excepcional, a Companhia Nacional de Abastecimento a importar até 1 milhão de tonelada de arroz.  

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), os desastres no Rio Grande do Sul já comprometeram parte da produção volta ao mercado interno. A região do Sul do país é responsável por cerca de de 70% do total produzido no País e do consumo nacional.

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