As emissões de gases de efeito estufa do Brasil tiveram, em 2021, a maior alta em 19 anos. O dado foi divulgado nesta terça-feira (1°) pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. O estudo aponta que, no ano passado, o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente, um aumento de 12,2% em relação a 2020, quando foram emitidos 2,16 bilhões de toneladas.
Uma alta maior que essa só foi verificada em 2003, ano em que o país atingiu seu recorde histórico de emissões. Naquele ano, a alta foi de 20%, puxada pela explosão do desmatamento na Amazônia.
No ano passado, as emissões por desmatamento também foram as principais responsáveis pela elevação, representando 49% das emissões totais do país. Esse tipo de emissão entra na categoria de mudança de uso da terra e florestas, que teve alta de 18,5% de 2020 para 2021.
Para o pesquisador Felipe Barcellos, que está à frente da pesquisa e integra o Instituto de Energia e Meio Ambiente, o cenário deixa o país ainda mais distante das metas de redução de emissões estabelecidas pelo próprio governo brasileiro.
"Olhando os dados como um todo, percebemos que o Brasil está em uma tendência de aumento de emissões desde 2010 e está em valores acima da sua meta proposta na Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil, em relação à Conferência das Partes da ONU. E tem metas para 2025 e para 2030, que para serem alcançadas, certamente o país deverá conter o desmatamento na Amazônia e também incentivar os combustíveis renováveis, usar o metano produzido na geração de resíduos para gerar eletricidade e também incentivar uma agropecuária de baixo carbono", avalia o pesquisador.
A destruição dos biomas brasileiros emitiu 1,19 bilhão de toneladas brutas no ano passado, contra 1 bilhão de toneladas em 2020.
Quase todos os setores da economia também tiveram forte aumento na emissões. No setor energético, houve alta de 12,2%, a maior desde 1973, há quase 50 anos. De 2020 para 2021, a quantidade de CO2 equivalente emitida pelo setor saltou de 387 milhões de toneladas para 435 milhões.
Na agropecuária, o crescimento foi de 3,8% e, no setor de processos industriais e uso de produtos, de 8,2%. De acordo com o relatório, a elevação em energia e indústria se deve a diversos fatores, como a retomada da economia após a fase mais grave da pandemia e a crise hídrica de 2021, que forçou o acionamento de termelétricas, movidas pela queima de combustíveis fósseis.