Em quase onze meses de atuação no Rio de Janeiro, com aproximadamente R$ 19 milhões gastos, a Força Nacional só apreendeu uma arma de fogo e 21,9 gramas de drogas. Além disso, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, de 16 de outubro do ano passado até 18 de agosto desse ano, foram feitas apenas 15 prisões, 12 em flagrante e 3 com mandados, e seis apreensões de menores.
Os dados foram obtidos pela BandNews FM, por meio da Lei de Acesso à Informação, e também levam em conta a operação de Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro, de novembro até junho, com profissionais atuando em portos e aeroportos.
Apesar das mais de 38.500 abordagens a pessoas e quase 16 mil abordagens a veículos (15.982), o balanço de apreensões de armamentos pelos agentes da Força Nacional foi de três armas brancas, uma arma de fogo, uma réplica de armamento e um carregador. Além disso, foram recuperados ou localizados somente oito veículos e duas cargas e apreendidos três motos, um caminhão e três outros veículos, um produto eletrônico, um celular e mais de 10 mil maços de cigarro.
A apreensão de drogas, entre cocaína, skank, crack e maconha, totalizou 21,9 gramas.
Já a Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento ostensivo nas ruas, fez 17.773 prisões entre 1º de janeiro e 19 de agosto desse ano. No mesmo período, foram 4.018 armas apreendidas.
Para o coronel da reserva da PM e antropólogo da Uerj, Robson Rodrigues, a atuação da Força Nacional no Rio não atendeu ao esperado. Além disso, ele afirma que deveria ter havido investimento conjunto nas polícias federais que já estavam no estado.
Foi um pedido mal feito e foi um atendimento mal feito também. Foi uma reclamação do Governo estadual e, no meu entendimento, uma justa reclamação, pela ausência da União em situações que ela é responsável. Por exemplo, portos, aeroportos, rodovias federais. Agora, foi um atendimento paliativo. Para fazer isso, a Polícia Militar faria. E esse custo poderia ser investido em outras coisas mais relevantes. O que poderia ter sido feito? Esse paliativo, mas logo com uma ação de médio e longo prazo, que seriam concursos para ampliar os quadros dessas forças {federais}, que têm déficit para atender a dinâmica criminal como ela se coloca hoje. - afirma Robson.
Inicialmente, foram enviados ao Rio de Janeiro 305 agentes da Força Nacional, entre 16 e 22 de outubro do ano passado. No entanto, atualmente, só 63 profissionais atuam no estado. Mesmo assim, somente os gastos com assistência e saúde aos agentes já somam quase 1 milhão e 200 mil reais. Os custos com diárias nas operações até 20 de agosto chegaram a mais de 16 milhões e 400 mil reais. Já o total com manutenção e abastecimento de viaturas empregadas nas operações em 2023 e 2024 chegou a R$ 1.304.341,54.
Em fevereiro desse ano, a BandNews FM mostrou que os gastos já chegavam a mais de R$ 8,2 milhões. Até então, nenhuma arma de fogo, nem drogas tinham sido apreendidas.
O sociólogo da UFRJ e especialista em segurança Michel Misse, critica as decisões que prorrogaram, por diversos meses, a atuação dos agentes no Rio.
A crise de segurança pública no Rio ocorre há meio século. A vinda da Força Nacional nesse período é injustificável. Mobilizar tantos homens a um custo tão elevado, para esse resultado pífio.
Procurado, o Ministério da Justiça disse que as atividades da Força Nacional ocorrem em apoio à Polícia Rodoviária Federal e são realizadas a pedido do governo estadual.
Até abril, foram 1096 pessoas detidas e 637 veículos recuperados nas ações conjuntas. O total apreendido de drogas foi de mais de 9 kg de maconha e mais de 300 kg de cocaína, além de mais de 67 mil comprimidos de ecstasy. Também houve a apreensão de 93 armas, de 6877 munições e de R$ 592.013,00 de origem ilícita.
A última prorrogação da Força Nacional no Rio previu prazo até 3 de setembro. Segundo o Ministério da Justiça, o Governo do Rio solicitou a prorrogação da permanência dos agentes até 1º de dezembro, e o pedido está em fase de avaliação.
Um dos agentes enviados também acabou morrendo no Rio de Janeiro. Em novembro do ano passado, Edmar Felipe Alves dos Santos, de 36 anos, foi baleado por um homem que tinha acabado de atirar na esposa. O agente era da Polícia Militar de Alagoas e deixou uma filha de dois anos.
A BandNews FM aguarda resposta do Governo do Rio.