Eleição de Trump preocupa especialistas sobre diretrizes que serão adotadas no G20

Evento vai contar com a participação do atual presidente norte-americano Joe Biden

Por Gabriela Morgado

Um dos principais desafios são as visões diferentes sobre a guerra da Ucrânia e o conflito na Faixa de Gaza
Gage Skidmore/Flickr

Até o sábado (16), diplomatas dos países membros do G20 realizam reuniões para tentar definir a declaração final do grupo para Cúpula de Líderes na semana que vem. O documento vai guiar as discussões dos representantes das maiores economias do mundo. 
 
Uma das principais preocupações é a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Segundo o professor associado de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC e membro do Observatório da Política Externa e Inserção Internacional do Brasil, Giorgio Romano Schutte, qualquer diretriz prometida por Joe Biden durante o G20 não deve ser seguida no ano que vem por Trump, já que os dois têm políticas diferentes. Ele ressalta que os assuntos priorizados pelo Brasil, como combate à pobreza e governança global, não são interesses do novo governo.
 

Eles {os Estados Unidos} estarão aí, mas é como se não tivessem, porque não tem nenhuma continuidade. Tudo que o Brasil colocou como prioridade, cooperação, multilateralismo apesar de tudo que conspira contra, como a crise na Ucrânia e Gaza, {é} uma pauta completamente contrária ao que o Trump {segue. A gente} sabe que ele não vai dar nenhuma bola a esse tipo de discussão.


 Um dos principais desafios são as visões diferentes sobre a guerra da Ucrânia e o conflito na Faixa de Gaza. Em setembro do ano passado, líderes do G20 aprovaram um texto condenando a guerra na Ucrânia. O grupo evitou condenar a Rússia, mas fez um pedido para que não houvesse ataques à integridade territorial de um Estado. 
 
Para o pesquisador dos países BRICS Lier Pires Ferreira, pesquisador-associado ao Núcleo de Estudos dos Países BRICS da Universidade Federal Fluminense, os Estados Unidos devem deixar de financiar a guerra, mas continuar apoiando as ofensivas de Israel contra a Faixa de Gaza, o que vai contra o posicionamento da maioria dos países do G20.
 

Os Estados Unidos vão deixar de aportar a quantidade e qualidade de dinheiro e de armamentos para o apoio ucraniano na guerra. Isso sinaliza, por exemplo, um final de guerra melancólico para as pretensões da Ucrânia e da própria OTAN. Do ponto de vista do Oriente Médio, aí não, aí a gente tende a continuar tendo um apoio incondicional dos Estados Unidos à política israelense, o que pode agravar o conflito no Oriente Médio.

A Cúpula de Líderes do G20 acontece no Museu de Arte Moderna, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na segunda e na terça-feira da semana que vem, ((18 e 19 de novembro. A cerimônia de abertura, no dia 18, será marcada pelo lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa brasileira que mobiliza países e organizações internacionais.)) 

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