Disque Denúncia recebe mais de 80 relatos sobre ação de criminosos na Muzema nesse ano

A área vive uma disputa por controle entre organizações criminosas rivais

Por Gabriela Morgado

Disque Denúncia recebe mais de 80 relatos sobre ação de criminosos na Muzema nesse ano
Criminosos circulando pela região da Muzema
Reprodução/TV Band

Entre 1º de janeiro e 18 de outubro, o Disque Denúncia recebeu 84 relatos sobre a atuação de criminosos na Muzema, Zona Oeste do Rio. Sessenta e seis deles foram sobre o tráfico, e 18 sobre milícias.

A área vive uma disputa por controle entre organizações criminosas rivais.

Segundo um relatório do Disque Denúncia, no período, moradores denunciaram que traficantes do Comando Vermelho têm ameaçado e exigido o pagamento mensal de R$ 70,00. Além disso, segundo os relatos, os criminosos atuam no Morro da Dona Dalva, abordando motoristas durante a noite e exigindo que eles abaixem os vidros e liguem o pisca alerta.

Em maio, um homem que trabalhava em um depósito de gás e um segundo morador que fazia ligações clandestinas de energia teriam sido assassinados.

O especialista em segurança Daniel Hirata ressalta que as denúncias são consequência do desespero da população.

Todas essas dimensões muito concretas da vida cotidiana acabam sendo alvo dessa pilhagem por esses grupos armados, e os moradores dessas áreas, muitas vezes pobres, não têm como aceitar esse tipo de situação que lhes é imposta. A denúncia, portanto, me parece ser um canal, ainda que seja uma espécie de grito de desespero, dado que a gente vê muito pouca resposta dos poderes públicos a esse tipo de situação. Ela é um primeiro passo, para que a gente possa atuar de forma mais efetiva.

Ainda de acordo com o documento do Disque Denúncia, em toda a região do Itanhangá, de 1º de janeiro a 18 de outubro, foram 242 denúncias, 189 relativas ao tráfico e 53 à milícia. O número é relativo à Muzema, a Rio das Pedras, ao Morro do Banco, à Tijuquinha, ao Sítio do Pai João e à Ilha da Gigoia.

Para o antropólogo Lênin Pires, a Polícia Civil deveria investir mais em inteligência.

Os dados apresentam indícios que poderiam ser utilizados pelas agências policiais para a construção de evidências que contribuíssem para dar termo a essa criminalidade reiterada. Porém, a aposta sempre é em ações militarizadas, operações fadadas ao fracasso, em lugar da inteligência policial que levasse a um conhecimento amplo para poder agir.

Em nota, a Polícia Civil disse que investiga a ação de grupos criminosos na região, sejam facções criminosas do tráfico de drogas ou narcomilícias e que as unidades realizam troca de informações de inteligência com as demais forças de segurança.

Na semana passada, ônibus tiveram que ser escoltados frente à insegurança. No dia anterior, um suspeito morreu e outros cinco foram detidos em confronto com a Polícia Militar na Muzema. A corporação disse que reforçou o policiamento no local.

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