Seca em lago do Bosque da Barra, na Zona Oeste do Rio, afeta dezenas de animais

O Inea e a Prefeitura do Rio avaliam os danos depois do espaço secar durante intervenções da concessionária Iguá na Estação de Tratamento de Esgotos do bairro

Por João Boueri

Seca em lago do Bosque da Barra, na Zona Oeste do Rio, afeta dezenas de animais
Lago sofre processo de seca desde junho
Reportagem BandNews FM

O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima avaliam os danos causados à fauna e flora do Parque Natural Municipal Bosque da Barra, na Zona Oeste do Rio, após o maior lago do espaço secar durante intervenções da concessionária Iguá na Estação de Tratamento de Esgotos do bairro. 

Dezenas de jacarés, aves, peixes, anfíbios e outras espécies de animais foram afetadas. A reportagem da BandNews FM foi até o local e constatou que o lago, que fica em uma zona de proteção e abriga a maior biodiversidade do Parque Natural, virou uma imensidão de secura. A água ia até a altura do peito. 

Todos os outros três lagos já estão com nível de água abaixo do recomendado. A redução começou em junho, no momento em que as obras foram iniciadas pela concessionária, que fica no terreno ao lado do Parque Natural.

Paralisados pela Prefeitura, os serviços de rebaixamento do lençol freático estavam sendo feitos até sexta-feira (4) pela Iguá. A empresa realiza obras de modernização e ampliação da estação de tratamento de esgoto, que visa aumentar em 50% a capacidade máxima da unidade.

O Inea disse que não havia a necessidade de rebaixamento do lençol freático no âmbito do licenciamento ambiental. Em caso de identificação de danos, as ações e punições vão ser definidas, assim como a obrigatoriedade da recuperação ambiental da área.

Por outro lado, a concessionária Iguá afirma que a intervenção possui licença ambiental e de obras para a execução, e que todas as condicionantes previstas nas licenças são cumpridas pela empresa. 

Para a Iguá, não é possível correlacionar o evento que ocorre no Bosque da Barra com a execução das obras. A concessionária disse que os problemas no local foram causados pelo período de estiagem, com baixos índices pluviométricos. 

A gestora do Parque Natural Municipal Bosque da Barra, Rosana Junqueira, não há dúvidas sobre a responsabilidade da Iguá.

A ambientalista também contou à reportagem que nunca tinha visto um cenário parecido. 

Segundo a gestão do Bosque, a Iguá admitiu a responsabilidade em agosto. A ata do encontro ainda não foi publicada em Diário Oficial.

Uma nova licença da obra deve ser emitida pelo Inea.

Do outro lado do Parque, o que era um lago que passava por debaixo de uma ponte para pedestres virou dois lagos separados. Com a redução do nível da água, já é possível ver a areia, que estava escondida.

Segundo a Iguá, a água retirada para viabilizar as obras de adequação da Estação aos parâmetros ambientais legais é rebombeada e tem controle de sua qualidade permanentemente feito. 

O Inea disse que a reposição de água no bosque requer critério e acompanhamento, uma vez que o ecossistema local é frágil. 

A cidade do Rio teve o mês de setembro com o menor índice de chuvas dos últimos 27 anos, segundo Alerta Rio

Em nota, a Iguá lamentou o cenário atual, mas disse que não há qualquer ação técnica que consiga fazer frente à falta de chuvas necessárias para que o lago retorne ao nível satisfatório.

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