Detro cobra de motoristas taxas para a remoção de veículos roubados

A cobrança é feita com base em uma brecha na legislação

Por Gabriela Morgado

A BandNews FM aguarda posicionamento da PM e da Polícia Civil
Agência Brasil

Mesmo tendo tido veículos roubados ou furtados, motoristas precisam pagar taxas de reboque para retirar carros e motos de pátios do Detro no Rio de Janeiro. A cobrança é feita com base em uma brecha na legislação.

Duas taxas são cobradas dos motoristas que precisam retirar veículos: uma relativa à remoção por um reboque e outra relativa ao tempo de permanência nos depósitos.

Uma resolução da Secretaria de Segurança Pública, de 2005, estabelece que, em caso de roubo e furto, se feita em um prazo de três dias úteis, a retirada do veículo não gera qualquer despesa referente ao acautelamento. Ao mesmo tempo, uma portaria do próprio Detro, do ano passado, reforça que, nesses casos, o veículo vai ser liberado sem ônus.

Mas, segundo o Departamento, a legislação não cita a questão da remoção dos veículos do local de recuperação até os depósitos e, por isso, o valor pode ser cobrado.

A taxa varia entre R$ 106,90 e R$ 540,48. Para carros de até oito passageiros, o montante é de R$ 264,57.

Além de pagar a taxa, o comerciante Helio Oliveira ainda passou por diversos outros problemas em um pátio ligado ao Detro, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. Ele teve o carro roubado na semana passada e recebeu uma ligação da seguradora, informando para onde o veículo recuperado tinha sido levado. Após não conseguir contato com o pátio pelo telefone, ele foi até o local, mas foi informado que deveria ter agendado a retirada e que o sistema estava fora do ar. No dia seguinte, ele voltou ao pátio e foi cobrado um valor a mais pela liberação.

Retornei lá na sexta para pegar o veículo, fui surpreendido com uma cobrança de 380 reais referente ao reboque do carro. Aí a gente sofre a primeira violência, que é o assalto na porta de casa, e a segunda violência, que é ser maltratado no pátio e ainda ser cobrado por ser assaltado. O Estado não te dá segurança na porta de casa e ainda te cobra para levar teu carro para o pátio. E aí questionei lá por que a cobrança era de 380 reais, {a funcionária} disse que considera meu carro categoria C. Eu falei 'mas aqui não está dizendo isso, aqui diz que carro é categoria B, é 200 e pouco {o valor}'. Ela fez aquela cara de paisagem e falou 'não gostou, reclama {com o departamento} e deixa o carro aí'

Ainda segundo Helio, para que o veículo seja liberado no mesmo dia, o motorista deve ser cliente de um banco específico e apresentar o comprovante de pagamento. Por isso, um grupo de pessoas não ligadas ao pátio se aproveitam da situação e cobra para fazer as transferências.

Ainda tem que pagar em uma conta no Bradesco, porque se você não pagar no Bradesco, eles não liberam o carro no dia. Aí tem lá fora um pessoal que paga a conta, ainda imprime o comprovante para poder retirar o carro

Após a denúncia da BandNews FM, o Detro assumiu que houve um erro no valor cobrado de Helio, maior do que o correto, e disse que notificou a administração do pátio para resolver o problema. O Departamento também afirmou que o combate ao grupo que fica fora do pátio e cobra para fazer os pagamentos do banco específico deve ser feito pela polícia.

A BandNews FM aguarda posicionamento da PM e da Polícia Civil.

Mas Helio não foi o único a enfrentar dificuldades.

Procurado, o Detro disse que o agendamento é feito somente para otimizar o atendimento, mas não é obrigatório.

O Pátio Seguro é administrado pelo Consórcio Rio Parking Carioca. As empresas integrantes são a TCR Construtora e a APL, Administração de Pátios e Leilões. A empresa possui uma dívida de mais de R$ 1 milhão com o Detro.

Procurada, a APL ainda não respondeu. A BandNews FM tenta contato com a TCR Construtora.

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