Após assumir que trabalha para a contravenção, o pai da vítima de um ataque no Catumbi, na Zona Norte do Rio, presta depoimento à Polícia Civil. Luiz Cabral Waddington foi intimado e ouvido na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), para falar sobre outros assassinatos no Rio de Janeiro que podem estar ligados à guerra do jogo do bicho e à máfia de contrabandistas de cigarros.
A confissão do contraventor aconteceu depois que o carro do filho dele, Luiz Henrique de Souza Waddington, de 22 anos, foi alvo de 40 disparos na última sexta-feira. Ele afirma que os autores do ataque são ligados a um grupo rival ao da família Garcia, para quem ele trabalha. Segundo Luiz, o grupo tenta tomar os cerca de 50 pontos do jogo do bicho que ele gerencia na Zona Norte e Zona Sul da cidade.
À polícia, Luiz Cabral disse que a guerra está por trás de outras mortes. Uma delas seria a de Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, no último dia 6, na Tijuca, Zona Norte. Segundo Luiz, a vítima também trabalhava para a família Garcia.
Além deste crime, o contraventor também prestou esclarecimentos sobre o assassinato do miliciano Marcos Antônio Figueiredo, conhecido como Marquinho Catiri, em novembro do ano passado, em Del Castilho. Investigações do Ministério Público do Rio já tinham levantado a suspeita de que Catiri tinha firmado uma aliança com o contraventor Bernardo Bello.
Bernardo foi casado com uma das filhas do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004, e passou a comandar parte dos negócios ilegais da família Garcia. Ele também é acusado de travar uma guerra interna na família pelo espólio do bicho e foi apontado como o mandante do assassinato de Alcebíades Paes Garcia, tio da ex-esposa. É suspeito também de tentar matar a agora ex-cunhada Shanna Harrouche Garcia, irmã gêmea da antiga companheira.
Luiz Cabral ainda afirma que parte desses crimes estaria ligada a uma suposta tentativa de se criar uma nova cúpula do jogo do bicho, por parte do contraventor Rogério Andrade, Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, que já foi apontado como o chefe de uma máfia de cigarros contrabandeados, e Vinicius Drummond, que é filho do contraventor Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond.
Segundo o contraventor confesso, ele foi ameaçado pelo trio um dia antes do carro do seu filho ser alvo de cerca de 40 tiros de fuzil no Catumbi.
Os três citados por Luiz Cabral não possuem mandados de prisão. Procurado, o advogado de Rogério Andrade disse que não pode comentar a respeito porque ainda não foi constituido. A reportagem tenta contato com a defesa dos outros citados.