A defesa do sargento da Marinha que matou o vizinho após supostamente confundi-lo com um bandido afirma que vai dar entrada em um pedido de habeas corpus nesta segunda-feira (7), para que ele possa responder pelo crime em liberdade.
O caso aconteceu no bairro Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. O repositor Durval Teófilo Filho, de 38 anos, chegou a ser levado ao hospital da região, mas não resistiu.
Aurélio Alves Bezerra foi preso em flagrante após o crime e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Para a defesa dele, a medida não se justifica, já que o militar prestou socorro à vítima, se entregou e apresentou a arma utilizada à polícia.
O advogado de Aurélio, Saulo Alexandre Salles, ainda defende que não há risco de fuga caso ele seja solto e classifica o caso como apenas um fato isolado na vida do militar.
Uma coisa é ele responder ao processo. Ele vai responder o processo. Outra coisa é a necessidade dele responder ao processo preso. Ao meu entender, ele não tem nenhum risco de fuga, ele não ameaçou testemunha, ele contribuiu com a investigação.
Um boletim interno da Marinha, ao qual a BandNews FM teve acesso, aponta que o sargento teve uma avaliação geral de 9,1 no último semestre do ano passado e era considerado um militar "excelente". No atributo "equilíbrio emocional", ele recebeu nota oito em uma escala de zero a 10.
Aurélio chegou a ser indiciado pela Polícia Civil por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas o caso foi reclassificado como homicídio doloso após um pedido do Ministério Público do Rio. A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, concorda com a mudança.
Era um homem negro caminhando à noite na calçada na direção da própria casa. Foi abatido sem dó nem piedade por um homem armado. Quem atira três vezes na direção de uma pessoa desarmada e até distraída, tem intenção de matar. Quem atira três vezes na direção de um homem negro expressa uma das faces mais violentas do racismo.
Durval foi morto a tiros na porta de casa na quarta-feira (2). Ele mexia em uma mochila enquanto caminhava na calçada quando foi atingido. Após os primeiros disparos, Aurélio chegou a deixar o carro em que estava e voltou a disparar contra o vizinho, que já tinha caído no chão e estava com as mãos para o alto.
A família de Durval afirma que ele foi vítima de racismo.