Defesa do Laboratório PCS Saleme alega erros dentro da "aceitabilidade”

Os advogados também contestam a interdição da sede do laboratório, em Nova Iguaçu

Por Daniel Henrique

Defesa do Laboratório PCS Saleme alega erros dentro da "aceitabilidade”
PCS Saleme
Reprodução

Especialistas ouvidos pela BandNews FM afirmam que a não detecção do vírus do HIV em órgãos transplantados não pode ser justificada por conta da chamada 'janela imunológica', que corresponde ao período entre o primeiro contato do portador com o vírus e o tempo máximo em que ele é perceptível em exame laboratorial. 

A defesa do laboratório PCS Saleme, investigado pelas falhas em testes de dois doadores, alega agora que os resultados falso-negativos podem ter ocorrido desta forma. Antes a alegação era "erro humano". 

No entanto, as contraprovas realizadas pelo Hemorio nas mesmas amostras, já que os doadores já estavam enterrados quando as falhas foram descobertas, deram positivo para HIV.

O infectologista José Pozza ressalta que testes mais modernos conseguem detectar o vírus em fases mais precoces.

Realmente existe um tempo de janela imunológica, mas é muito importante a gente ressaltar que os testes mais modernos cada vez identificam essas doenças de uma maneira muito mais precoce. E nesse caso especificamente, o que chama atenção é que a mesma amostra foi processada em um laboratório semelhante e esse diagnóstico já era positivo.

O documento da defesa ainda aponta que o número de dois laudos equivocados, em um universo de quase trezentos, estaria dentro do limite de "aceitabilidade".

Os advogados também contestam a interdição da sede do laboratório, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, já que uma inspeção da vigilância sanitária no dia 4 de outubro não constatou irregularidades no local.

Porém, no mesmo dia, os agentes encontraram 39 irregularidades na sala da PCS Lab no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, na Zona Sul do Rio, onde os testes de HIV eram feitos. Tubos de sangue foram encontrados sem vedação ou sem tampa, sem identificação, além de problemas estruturais que poderiam prejudicar o funcionamento dos equipamentos.

Com isso, a defesa diz que esta unidade do Instituto Estadual de Cardiologia deveria ser interditada, não a sede em Nova Iguaçu. No entanto, há indícios de que os donos foram avisados antes sobre a vistoria. Uma supervisora ainda criou um grupo no Whatsapp para alertar aos funcionários de que os agentes poderiam 'virar a unidade de cabeça para baixo'. A Jacqueline Iris Bacelar, que cumpre prisão domiciliar, também confirmou em depoimento que 'tudo foi arrumado para que a fiscalização tivesse uma boa impressão'.

Por fim, o laboratório pede a revogação da interdição cautelar sanitária da sede, para que o local sirva para uma nova atividade, que os autos de infração sejam considerados inconsistentes e que a empresa seja excluída destes autos.

O sócio-proprietário da PCS Lab Saleme, Walter Vieira, e o filho, também sócio da empresa, Matheus Sales Bandoli, além dos funcionários Adriana Vargas, Cleber de Oliveira Santos e Ivanilson Fernandes dos Santos seguem presos pelo escândalo.

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