A Defensoria Pública do Rio encontrou problemas no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde um anestesista foi flagrado estuprando uma mulher durante uma cesariana. Os agentes identificaram que há falhas no armazenamento da documentação das pacientes e que o livro com as informações dos procedimentos realizados no centro cirúrgico é preenchido com atraso e com dados de fichas soltas de papel.
A vistoria foi realizada na última quinta-feira (14). A Defensoria vai enviar o relatório à Fundação Saúde e à Secretaria de Estado de Saúde, responsável pela unidade. A pasta foi procurada, mas não respondeu.
A Defensoria questiona ainda o fato de os obstetras não terem questionado a sedação da paciente nem o pedido para que o pai se retirasse do centro cirúrgico, feito pelo anestesista.
O colunista da BandNews FM Rodrigo Haidar afirma que os responsáveis pelo Hospital da Mulher podem ser responsabilizados civilmente e obrigados a pagar indenizações.
Na última sexta (15), o Conselho Regional de Medicina do Rio notificou Giovanni Quintella do prazo de 15 dias para que ele preste esclarecimentos sobre o caso.
Após esse prazo, finalizado no dia 30 de julho, o Cremerj pode abrir um processo ético-profissional contra o anestesista. Caso condenado, a pena pode ir desde uma advertência até a cassação.
Segundo o presidente do Cremerj, Clovis Munhoz, o prazo máximo para a finalização do processo é de 180 dias, mas o Conselho vai tentar concluir em 90 dias. Ele afirma ainda que o Conselho pode abrir outras sindicâncias contra Giovanni e outros profissionais, caso haja novas denúncias.
A Polícia Civil deve entregar à Justiça o relatório do inquérito nesta terça-feira (18). Giovanni Quintella está preso e é réu por estupro de vulnerável.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que as fichas das pacientes foram armazenadas de forma apartada por necessidade de zelo e disponibilização da documentação para polícia, Ministério Público e Defensoria Pública. A pasta afirmou ainda que a direção do hospital informa que todos os registros foram feitos de forma adequada, porém, como os profissionais do hospital montaram um flagrante para o médico, a equipe evitou escrever no livro do centro cirúrgico no momento logo após o fato, porque o anestesista podia ter acesso ao livro e escapar do flagrante.