O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) vai apurar a existência de responsáveis técnicos pelos elevadores que apresentaram problemas em pelo menos três episódios diferentes nos últimos dias. As ocorrências terminaram com dois mortos e uma pessoa ferida. O conselho vai enviar equipes aos locais para apurar a responsabilidade de prestação do serviço. A Polícia Civil investiga os casos.
No caso mais recente, na tarde de segunda-feira (1), um homem morreu dentro de um elevador de um prédio em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Alex Fernandes era técnico de manutenção de uma empresa e realizava o serviço no último andar do prédio, no momento que o elevador despencou no fosso. O corpo dele foi liberado nesta terça-feira (2) no Instituto Médico Legal, no Centro do Rio.
Na manhã desta terça-feira (2), a Policia Civil realizou uma perícia complementar no elevador do imóvel com a empresa responsável pela manutenção. O delegado titular esteve no prédio durante a manhã e solicitou as imagens das câmeras de segurança do prédio, os documentos da empresa e o laudo das vistorias realizadas anteriormente. No entanto, o elevador não possuía sistema de monitoramento.
Os funcionários da empresa, o síndico e o porteiro do prédio foram intimados a prestar depoimento na Delegacia de Ipanema, que investiga o caso.
O equipamento começou a apresentar problema no domingo e parou de funcionar. A equipe de manutenção chegou no dia seguinte para verificar o ruído que o elevador fazia a passar pelos 12 andares.
O porteiro do prédio, Adejair Santos, foi o primeiro a socorrer a vítima. Ele disse que tentou avisar o técnico que o elevador estava fazendo mais barulho, mas não conseguiu. O profissional trabalha há 27 anos no prédio e nunca tinha visto nada parecido.
O prédio conta com dois elevadores. Apesar de estar funcionando, o de serviços foi interditado para também passar por perícia. O equipamento que despencou será trocado.
Para o engenheiro elétrico, Diego Sarzedas, o cabo de tração e o freio de segurança do elevador podem ter falhado.
O outro episódio ocorreu no Hospital Municipal Salgado Filho, no Meier, na Zona Norte do Rio. Os agentes do Crea já identificaram que o responsável pela manutenção do elevador da unidade de saúde não tem registro de Anotação de Responsabilidade Técnica, o que indicaria alguma irregularidade.
O episódio aconteceu na tarde de domingo (30). A empresa de manutenção do elevador foi notificada a prestar esclarecimento na sindicância aberta pela Prefeitura para apurar todos os detalhes do caso.
O paciente Sérgio Gabriel, de 28 anos, teve uma parada cardiorrespiratória no setor de enfermaria de neurocirurgia. Ele foi estabilizado e transferido para a sala vermelha do hospital por um dos elevadores, quando a porta do equipamento descarrilou. Ele ficou preso por 16 minutos com a equipe médica. Segundo a Prefeitura do Rio, após a vítima ser retirada com vida, apresentou outra parada cardiorrespiratória e não resistiu.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que vai trocar os quatro elevadores da unidade e que uma equipe de manutenção permanece no hospital. A Câmara Municipal do Rio entregou uma representação ao Ministério Público do estado para cobrar investigação e a aplicação de medidas cabíveis para o caso.
Na segunda-feira (1), o elevador atingiu o teto do prédio da Secretaria de Estado de Fazenda, no Centro do Rio. Uma perícia da pasta vai apurar as causas do acidente. Uma servidora foi resgatada com ferimentos leves. Os outros cinco elevadores foram interditados. A empresa responsável pela manutenção realizou testes de segurança para emissão de laudo solicitado pela Polícia Civil. Apesar disso, uma vistoria realizada no dia 21 de junho apontou que os elevadores estavam em perfeitas condições de uso.
O atendimento aos contribuintes no segundo andar da sede segue normalmente, com o acesso sendo feito pelas escadas. Para quem tem dificuldades de locomoção, foi montada uma estrutura especial no hall de entrada, no térreo do prédio, para prestar o serviço.
Em nota, a Secretaria de Fazenda disse que acompanha o estado de saúde da funcionária que estava dentro do elevador e presta toda a assistência necessária a ela e a seus familiares.