Consórcio Barcas Rio vai apresentar estudo sobre terminais após relatório indicar riscos

Documento aponta necessidade de intervenções imediatas enquanto passageiros relatam piora no serviço

Por João Boueri

Consórcio Barcas Rio vai apresentar estudo sobre terminais após relatório indicar riscos
Plataforma irregular relatada no relatório elaborado pela empresa EGT Engenharia, contratada pela operadora do modal
Reprodução

O Consórcio Barcas Rio, que assumiu a operação do transporte aquaviário, deve apresentar até o mês que vem o estudo complementar das estruturas dos Terminais Praça XV (RJ), Araribóia, Charitas, Cocotá e Estaleiro em Niterói. A reportagem da BandNews FM teve acesso ao primeiro relatório elaborado pela empresa EGT Engenharia, contratada pela operadora do modal. O documento apontou a necessidade de ações imediatas para evitar riscos estruturais.

O documento destaca diversos problemas, entre eles as estacas dos Terminais da Praça XV; pilares com reparos somente na parte aérea; ausência de flutuantes para embarque e desembarque; estruturas com corrosão avançada; e defensas danificadas.

Especialistas ouvidos pela reportagem apontaram que a manutenção foi deficiente por um tempo prolongado resultando em comprometimento de elementos estruturais de madeira, aço e concreto armado.

Para o engenheiro de riscos Gerardo Portela, caso as medidas necessárias não sejam tomadas os esforços operacionais podem não ser suportados e, assim, gerar acidentes.

Esse processo pode continuar avançando perigosamente se não houver uma intervenção urgente para reparos de recuperação dessas estruturas, desses elementos estruturais ou mesmo a substituição de alguns desses elementos estruturais quando o reparo não for possível. Há riscos de colapsos e acidentes. Aparentemente pelas imagens, os danos estão em estágio bem avançado, ou seja, com um risco significativo dos esforços operacionais, aqueles que acontecem no dia a dia da operação, não são suportados. Isso poderia resultar, sim, em acidentes e até mesmo colapso de alguns elementos estruturais.

A Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana recebeu o relatório e não se opôs ao documento. O próximo passo é o agendamento da vistoria subaquática, que deve verificar a existência de novas fissuras devido a cravação, armaduras em processos de corrosão e se há deslocamentos.

Anteriormente, a guarda, conservação e manutenção dos terminais eram de responsabilidade da concessionária CCR Barcas. O contrato foi finalizado no mês passado, quando o Estado assumiu o transporte aquaviário e repassou a operação para o Consórcio Barcas Rio.

Com a redução das tarifas nas linhas das barcas Arariboia e Charitas, em Niterói; Cocotá, na Ilha do Governador, e Ilha de Paquetá, o transporte aquaviário teve aumento na demanda de passageiros.

Na segunda-feira (24), durante o primeiro dia de mudança do valor de R$ 7,70 para R$ 4,70 em três linhas das barcas, o aumento na linha Arariboia, a mais movimentada do sistema, foi de 1.623 embarques a mais, totalizando cerca de 34 mil passageiros.

No ano passado, a média de passageiros por dia em todo o transporte aquaviário foi de 48 mil.

O Consórcio Barcas Rio já tinha programado um plano de trabalho com aumento de reclamações sobre conforto das viagens e aumento dos intervalos em Arariboia e Paquetá.

Na manhã desta terça-feira (25), passageiros da Ilha do Governador reclamaram da falta de ar-condicionado e outros problemas estruturais. A Patrícia Azucoloto percebeu piora na qualidade do serviço.

A situação dos insulanos é muito complicada em relação às barcas. A gente viu até uma piora no serviço, pois o serviço demora muito. Geralmente 55 minutos a uma hora de travessia, bancos de madeira, sem encosto de cabeça, sem sistema de ar condicionado, bastante ferrugem para todos os lados. Muitas das vezes a barca ainda atrasa para atracar, não houve nenhuma melhoria e os horários, apesar das diversas reuniões e com o pessoal das barcas.

Com a implementação da linha social de Charitas, o Estado precisou realocar a embarcação reserva do trajeto para operar o serviço com capacidade para mais 645 pessoas, totalizando quatro embarcações na linha.

O Consórcio Barcas Rio também planeja integrar a loja vazia da estação de Charitas com o salão para aumentar a capacidade de passageiros dentro da estação e aumentar a largura do túnel, para comportar mais passageiros no embarque e desembarque, deslocando 40 cm do guarda-corpo dos dois lados do túnel.

Em nota, a CCR Barcas disse que desconhece qualquer irregularidade e não teve acesso ao referido relatório. O grupo afirmou ainda que o termo de acordo com o Governo do Estado não apontava nenhuma necessidade de reforma e especificava que todas as instalações deveriam ser entregues ao novo operador da maneira que se encontrassem.

Ainda em nota, o grupo destacou que fez obras ao longo de todo o período da concessão, incluindo reformas no estaleiro, nas estações e a modernização do Centro de Controle Operacional, visando garantir o conforto, a comunidade e a segurança dos passageiros. A concessionária ressaltou que dispunha de todas as licenças e certificações para operar e que cumpriu todas as obrigações legais e previstas em contrato.

A reportagem da BandNews FM aguarda posicionamento da Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana e do Consórcio Barcas Rio.

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