O segundo dia de desfiles da Série Ouro do Carnaval do Rio de Janeiro começou já com problemas. A Sereno de Campo Grande levou uma homenagem a Iansã para a Avenida, mas teve dificuldade para colocar os carros na pista e no acabamento deles.
Já a Em Cima da Hora teve como enredo um tema político: falou sobre o trabalhador.
Os paradões e paradinhas da bateria animaram o público. E quem puxou o samba foi o interprete Rafael Tinguinha, filho do também interprete Tinga.
O Arranco do Engenho de Dentro levou muitas cores para a Marquês de Sapucaí para homenagear Nise da Silveira, que revolucionou a psiquiatria no Brasil, com terapias a partir da arte.
O último carro da União da Ilha chegou a soltar fumaça, causando preocupação. Uma das agremiações mais queridas pelo público, a Ilha falou sobre educação antirracista.
A Unidos de Padre Miguel teve o samba mais ouvido - e cantado - da Série Ouro neste Carnaval. E o desfile fez jus à composição. Com Padre Cicero como enredo, a UPM não teve problemas de evolução e encantou com as alegorias e as alas.
A São Clemente levou o compositor homenageado Zé Katimba, de 91 anos, como destaque no primeiro carro. Apesar disso, teve problemas com a terceira alegoria.
Quem fechou o dia foi a Império Serrano, com uma homenagem aos orixás. A escola de Madureira, na Zona Norte, deu um show já no esquenta, com o público cantando diversos sambas famosos da agremiação.
A transmissão da BandNews FM continua na noite deste domingo (11), com o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial.
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SERENO DE CAMPO GRANDE
O Sereno de Campo Grande iniciou os desfiles na Marquês de Sapucaí, neste sábado (10). A escola lançou os ventos de Iansã e com o samba-enredo “4 de dezembro” homenageou Santa Bárbara.
A agremiação deve perder ponto na categoria de Evolução, já que enfrentou problemas nas entradas das alegorias, o que causou alguns buracos na Avenida.
A segunda alegoria ainda teve uma parte da decoração tombando para o lado esquerdo, o que também pode prejudicar na pontuação.
No entanto, o vice-presidente Dudu Sereno afirma que esses contratempos não vão impedir o Sereno de Campo Grande de brilhar.
EM CIMA DA HORA
O presidente de honra da Em Cima da Hora criticou a Prefeitura do Rio durante o esquenta para o desfile da escola na Marquês de Sapucaí. Segundo Heitor Fernandes, a Liga RJ, entidade responsável por organizar a Série Ouro, está abandonada.
A agremiação levou para a Avenida uma homenagem aos trabalhadores do Brasil. O enredo criticou a precarização e as injustiças sociais e ressaltou a importância da luta operária.
Diferente das outras escolas que já tinham se apresentado, a agremiação de Cavalcanti, na Zona Norte do Rio, dividiu o desfile em cinco setores.
Apesar da animação da bateria e das fantasias bem produzidas, a escola deve perder ponto no quesito evolução, já que deixou um buraco na Passarela após a terceira alegoria apresentar problemas.
ARRANCO DO ENGENHO DE DENTRO
A estreia do carnavalesco Nicolas Gonçalves na Sapucaí rendeu ao Arranco do Engenho de Dentro um desfile bonito e com poucos erros. A escola reverenciou o trabalho revolucionário da psiquiatra Nise da Silveira.
A comissão de frente dispensou o tripé e apostou na coreografia dos componentes e nos canhões de luz da nova iluminação da Avenida. A homenageada surgia em meio às macas trazendo cor e leveza ao libertar os pacientes das camisas de força e dos tratamentos desumanos aos quais eram submetidos.
Uma das poucas mulheres a desfilar como intérprete oficial, Pâmela Falcão cantou ao lado de Thiago Acácio e falou sobre os desafios do posto.
A agremiação apresentou poucos problemas no decorrer do desfile, mas a rainha de bateria entrou com a fantasia pela metade e houve um erro na abertura de uma faixa durante a apresentação da comissão de frente aos primeiros julgadores.
UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR
Com enredo inspirado no livro “Amoras” do rapper Emicida, o desfile da União da Ilha do Governador não deve ser suficiente para retornar ao Grupo Especial. A última vez que a agremiação da Zona Norte do Rio participou da primeira divisão do Carnaval carioca foi em 2020.
Um dos destaques da escola foi a ala das crianças, que representou a Ciranda dos Orixás. A União da Ilha propôs uma viagem pelo olhar puro de infância na Sapucaí.
Para o carnavalesco Cahê Rodrigues, a escola fez um desfile correto e cumpriu o papel do enredo no Sambódromo.
UNIDOS DE PADRE MIGUEL
Após conquistar três vices-campeonatos, a Unidos de Padre Miguel desponta como uma das favoritas para desfilar no Grupo Especial do Carnaval de 2025.
Inspirada na figura de Padre Cícero, a agremiação da Zona Oeste do Rio explorou o imaginário místico do povo sertanejo na Marquês de Sapucaí no segundo dia de desfiles na Série Ouro.
Com 1.900 componentes, a escola se dividiu em 23 alas, três carros alegóricos, um tripé e um elemento cenográfico na Comissão de Frente.
O carnavalesco Édson Pereira acredita no título inédito da Unidos de Padre Miguel.
SÃO CLEMENTE
A São Clemente deve permanecer na Série Ouro em 2025. A escola da Zona Sul, que levou para a Marques de Sapucaí a vida e a obra do compositor Zé Katimba, não conseguiu animar o público.
Além de apresentar problemas de harmonia e erros no terceiro carro alegórico, a agremiação não se destacou durante a segunda noite de desfiles do grupo de acesso.
Os filhos do homenageado pela escola Zé Katimba e Inácio Katimba descreveram a emoção de ver a história do pai ser contada na Avenida.
UNIDOS DE BANGU
Penúltima escola da Série Ouro a desfilar no Carnaval deste ano, a Unidos de Bangu retratou o sincretismo religioso na homenagem a uma das figuras mais celebradas no Brasil, São Jorge, que também é representado como Ogum ou Oxóssi.
O carnavalesco Robson Goulart contou na Sapucaí a história de como o guerreiro virou santo católico e ainda passou a ser reverenciado no candomblé e na umbanda.
A escola de Bangu iluminou a comissão de frente na cor vermelha e ainda apagou a Sapucaí no ritmo das paradinhas da bateria.
Rainha aos 14 anos, Wenny Isa, irmã da cantora Lexa, agradeceu o carinho que recebe da comunidade desde que estreou à frente da Caldeirão da Zona Oeste.
Um destaque negativo foi a falta de animação dos integrantes da escola. Muitos atravessaram a Passarela do Samba sem cantar o samba-enredo. O terceiro e último carro também entrou na avenida sem o escudo de São Jorge, que caiu ainda na concentração.
IMPÉRIO SERRANO
Para encerrar os desfiles da Série Ouro 2024, a Império Serrano abriu aos gritos de “tem que respeitar” com o enredo “Ilú-oba Òyó´: a gira dos ancestrais”.
Apesar de pequenos problemas nas alegorias, a agremiação aposta em homenagens à orixás para retornar para a Série Especial.
O coreógrafo Marlon Cruz coordenou a Comissão de Frente com a representação das Mães do Candomblé. Ele fala que independente do resultado a Império Serrano merece respeito no Carnaval.
DESFILES DO GRUPO ESPECIAL
A Marquês de Sapucaí recebe, na noite deste domingo (11), as seis primeiras escolas do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.
Depois de 12 anos na Série Ouro, a Porto da Pedra está de volta à elite carioca e abre os trabalhos às 22 horas, seguida por Beija-Flor de Nilópolis, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e a atual campeã, Imperatriz Leopoldinense.
A expectativa é de que, neste ano, mais carnavalescos apostem na nova iluminação do Sambódromo como mais um elemento narrativo para ajudar a contar o enredo. Apesar de já ter sido usada por cinco escolas no ano passado, sobretudo durante as apresentações da comissão de frente, pela primeira vez as agremiações vão ter controle total do recurso cênico.
Já na segunda-feira (12), a Sapucaí recebe Mocidade, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro, também com transmissão da BandNews FM.