A falta d'água na Zona Norte do Rio parece não ter afetado os lava-jatos clandestinos da Rua Leopoldo Bulhões, em Manguinhos. Apesar de moradores de bairros da região reclamarem que ficaram sem água em casa nesta semana, os pontos montados ilegalmente ao longo da via funcionaram normalmente.
Na tarde de quinta-feira (11), a reportagem flagrou cerca de 10 lava-jatos operando sem nenhuma preocupação. Alguns homens que trabalhavam nos locais, inclusive, chamavam os motoristas que passavam pela rua.
Há mais de cinco anos, a BandNews FM denuncia a presença dos comércios irregulares na via. Um ouvinte que preferiu não ser identificado mora em Bonsucesso e passa pela rua todos os dias a caminho do trabalho e diz que presencia os comércios irregulares desperdiçando água.
A concessionária Águas do Rio, responsável pelo abastecimento da região, afirmou que foi realizado um complexo reparo emergencial em uma tubulação de grande porte em Manguinhos, na Zona Norte durante a semana. O serviço impactou a distribuição de água na região e também no Centro e em partes da Zona Sul da capital fluminense.
Na quarta (10) e na quinta-feira (11), cirurgias, exames e hemodiálises chegaram a ser suspensos no Hospital Federal dos Servidores do Estado, na Zona Portuária, devido à falta d'água.
Questionada sobre os lava-jatos, a concessionária afirmou que os pontos montados realizam ligações clandestinas para ter acesso à água. A empresa ressaltou ainda que apoia as ações do poder público no combate a essas irregularidades.
Em nota, a Secretaria Municipal de Ordem Pública disse que realiza operações de ordenamento para coibir os comércios e as construções irregulares na Rua Leopoldo Bulhões. A pasta disse ainda que a região sofre influência do crime organizado armado, por isso, novas ações vão ser programadas para o local com apoio da Polícia Militar.
Em abril, a Prefeitura do Rio informou que nove câmeras de monitoramento seriam instaladas na Rua Leopoldo Bulhões para inibir ações criminosas, principalmente os lava-jatos irregulares. Na ocasião, o município deu o prazo de três meses para a colocação dos equipamentos. Passado esse período de tempo, nada parece ter mudado na região.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura afirmou que o processo de instalação e operacionalização das câmeras ainda está em fase de estudo. Além disso, o órgão negou que os aparelhos tenham relação com a segurança pública e que o objetivo é monitorar o trânsito da cidade.