A delegada Fernanda Fernandes vai pedir a Justiça para prorrogar a prisão temporária do cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva. Já chega a 10 o número de mulheres que procuraram a Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nos últimos dois dias para denunciar problemas depois de fazer procedimentos com ele. Com base nesses novos depoimentos, os investigadores vão analisar se o médico também vai responder por esses crimes.
O médico foi preso na segunda-feira (18) acusado de lesão corporal grave e cárcere privado contra uma mulher de 35 anos, que sofreu mais de 8 procedimentos, desde junho, para reparar uma abdominoplastia e estava sendo impedida de deixar o hospital. Segundo a Polícia Civil, essa seria uma forma de impedir que a mulher o denunciasse.
Na manhã desta quarta-feira (20), uma cabeleireira, que prefere não se identificar, conta que pagou à vista R$ 17.500 pelo procedimento, mais R$ 2.500 do anestesista, para fazer abdominoplastia, implantação de silicone nos seios, lipoaspiração nos flancos e colocar a gordura nas nádegas, em outubro de 2020. Segundo ela, a cirurgia é chamada de X-tudão.
“Ficou horrível. Vocês acham que eu paguei para ficar assim? Isso aqui é uma vergonha. Eu morro de vergonha disso aqui. Não vou mais à praia, não vou mais em lugar nenhum. Eu paguei, para ele fazer isso. Trabalhei muito, corri atrás para realizar o meu sonho, que virou um pesadelo, foi um sonho frustrado. Fiquei muito mal depois disso, sentia vergonha e tive depressão”, disse ela mostrando as marcas que ficaram no corpo.
O marido dela, que também optou pelo anonimato, disse que o dinheiro usado para a cirurgia, inicialmente estava sendo juntado para comprar uma casa própria.
Uma outra cabeleireira também procurou a delegacia na manhã desta quarta-feira. Ela conta que além da frustração com o resultado, o pós cirúrgico também lhe causou problemas financeiros. A mulher pagou R$ 12 mil para colocar próteses de silicone. Mas, já no fim da cirurgia, os seios já apresentavam tamanhos diferentes. Ela conta que ainda teve depois uma infecção crônica generalizada. Por conta disso, ela ficou impedida de trabalhar e chegou a viver de doações.
Com base nesses novos depoimentos, os investigadores vão analisar se o médico também vai responder por esses crimes.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) afirmou que abriu sindicância para apurar os fatos. O órgão ainda informou que Bolívar Guerrero Silva já foi punido anteriormente pelo Conselho com a suspensão do exercício profissional por 30 dias. Consta também em nome dele, um processo ético e uma sindicância.