Casos de feminicídio no RJ seguem sendo uma preocupação em 2023

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Ana Clara Galante

Mais de 80 mulheres foram vítimas de feminicídio de janeiro a outubro de 2023
Agência Brasil

Mais de 80 mulheres foram vítimas de feminicídio de janeiro a outubro de 2023. O dado é do Instituto de Segurança Pública, que alerta para a importância da denúncia na luta pela vida.

A violência de gênero pode se apresentar de várias formas: no controle do dinheiro da vítima ou no afastamento dela da família, por exemplo. Pode ainda vir a partir de um comentário ofensivo, ameaça ou agressão física. É preciso saber identificar cada uma delas para que não se chegue no último degrau: a retirada da vida da mulher.

A presidente do IPS, Marcela Ortiz, explica que o ciclo de violência segue um padrão.

"Os agressores de violência doméstica, eles são manipuladores. eles fazem a vítima acreditar que eles mudaram. que merecem uma segunda chance. esse é o ciclo da violência. aquele ciclo que há uma explosão, depois uma demonstração de arrependimento, e aí o agressor coloca a responsabilidade na vítima, de que a vítima vai acabar com a família”, afirma Marcela Ortiz.

Além do medo e do sofrimento causados pelos agressores, as vítimas ainda têm que lidar com a demora da Justiça. E foi essa espera que deixou um vazio no peito do Usias da Silva. A filha dele, Aline da Silva, foi morta a tiros pelo ex-companheiro em maio, na frente do filho do casal, de apenas oito anos. Para ele, a Justiça foi "negligente" no caso.

O acusado, Marcius Resener, está preso na Penitenciária Lemos Brito, Bangu 6, na Zona Oeste do Rio. Segundo a família da vítima, Aline sofria agressões físicas e uma série de ameaças de Marcius, que se intensificaram com a disputa pela guarda do filho.

De acordo com as investigações, Marcius, inclusive, sequestrou a criança em 2022, e no dia do crime contra Aline, pretendia fugir de novo com o menino. A vítima chegou a pedir duas medidas protetivas na Segunda Vara de Violência Doméstica, que foram negadas por falta de provas. Um mês antes de ser assassinada, ela sofreu ameaças.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, as denúncias de violência contra a mulher em delegacias especializadas até vêm aumentando, mas perdem força quando chegam ao sistema judiciário.

As ocorrências de lesão corporal dolosa representam 44% dos casos analisados pela pesquisa. Só que mais da metade deles (53%) foi arquivada. Em relação a ameaças, 35% dos casos foram arquivados. O crime com a menor taxa de arquivamento, 4%, é o próprio feminicídio, que, no entanto, muitas vezes, é antecedido por outras formas de violência.

Dois meses depois da morte de Aline, Usias também perdeu a esposa. Hoje, Usias está sob proteção da Lei Maria da Penha, e o ex-companheiro da filha vai a júri popular. O pai de Aline ressalta que a busca por justiça continua, agora também pela guarda definitiva do neto.
Mulheres em situação de violência e seus familiares podem procurar também a Patrulha Maria da Penha. O projeto, criado há quatro anos, conta com 46 equipes em todo o estado. A ideia é proteger e garantir os direitos da vítima.

Trinta e sete batalhões da Polícia Militar também contam com a Sala Lilás, um espaço de acolhimento aberto à comunidade.

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