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Caso Marielle: PF diz que Polícia Civil ignorou imagens de câmeras de segurança

Em relatório, a Polícia Federal apontou que os investigadores não teriam avançado na captação das imagens da Avenida Lúcio Costa

Por Gabriela Morgado

Caso Marielle: PF diz que Polícia Civil ignorou imagens de câmeras de segurança
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O atual secretário de Polícia Civil do Rio afirma que apontou cinco possíveis executores da vereadora Marielle Franco ao chefe da Delegacia de Homicídios da Capital na época do crime. Em depoimento à Polícia Federal, Marcus Amim disse que conversou com Giniton Lages.  

Entre os nomes apontados por ele, estava o de Ronnie Lessa, réu confesso de ter atirado em Marielle e no motorista Anderson Gomes. Além dele, Amim também apontou como possíveis executores Tenente João, Batoré, capitão Adriano, o Adriano da Nóbrega, e Major Ronald, que também está preso acusado de envolvimento no crime. De acordo com Amim, pelas características do crime, apenas poucas pessoas poderiam ter cometido os assassinatos.

As informações constam em um novo relatório da PF sobre o caso, que faz parte de um inquérito que apura as tentativas de obstrução das investigações. A abertura do inquérito foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal.

Na época do crime, Marcus Amim era delegado em Vicente de Carvalho (27ª DP), na Zona Norte do Rio.  

Ainda de acordo com o depoimento de Amim, colhido no início desse mês, ele também repassou as suspeitas para o chefe da Polícia Civil na época, Rivaldo Barbosa, que apenas disse que o assunto deveria ser tratado com o delegado Giniton Lages. Rivaldo Barbosa está preso, acusado de atrapalhar as investigações.  

O atual secretário também teria levantado a hipótese de a morte de Marielle estar atrelada a uma atitude dela que teria deflagrado a Operação Cadeia Velha, contra deputados da Alerj, e citou o nome do ex-deputado Domingos Brazão. A informação faz parte do depoimento do delegado Luís Otávio Franco Gomes de Oliveira, que era da equipe de Giniton.

Segundo Amim, o delegado Luís Otávio Franco Gomes de Oliveira, da equipe de Giniton, teria pedido para deixar o cargo, quando a investigação passou a focar no miliciano Orlando Curicica como executor do crime, uma vez que, de acordo com Amim, "era claro que se tratava de uma hipótese sem fundamento". Amim teria chamado Curicica de "bronco, frouxo" e sem capacidade para realizar tal execução. Em depoimento próprio, Luis Otávio disse que foi dispensado do caso, por não ter indiciado Orlando Curicica.

Em julho desse ano, Giniton Lages também foi ouvido pela PF. Ele disse não se recordar da conversa com Amim, mas afirmou que recebeu diversos relatórios de inteligência em que o nome de Ronnie Lessa já era apontado como possível autor do crime. No entanto, Giniton disse que só teve a convicção a partir de outubro de 2018, com provas obtidas na investigação. Naquele mês, a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima citando Lessa. Marielle Franco e Anderson Gomes morreram em março daquele ano.

Giniton disse ainda não ter ficado surpreso com as prisões de Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, porque já teria investigado a dupla. No entanto, ele disse que não havia nada de concreto que pudesse associá-los ao mando.

Ainda segundo Lages, os dois o procuraram dois dias antes da operação na qual foram presos, por meio de um delegado da Baixada Fluminense, Dr. Omena. No entanto, o delegado teria recusado o encontro.

Em depoimento em junho, Rivaldo Barbosa também confirmou que Giniton levantou os nomes dos irmãos Brazão em uma reunião com ele e com o general Richard Nunes, na época secretário de Segurança do Rio.

O advogado criminalista Acacio Miranda explica que os responsáveis pelas investigações podem responder ainda por corrupção e prevaricação.

O objeto deste inquérito é apurar eventual obstrução às investigações feitas pelos condutores do inquérito à época e quando os investigados são funcionários públicos, isso também pode reverberar um crime de corrupção e de prevaricação.

Em nota, os advogados de Rivaldo Barbosa, Felipe Dalleprane e Marcelo Ferreira, afirmaram que a conclusão adotada pela PF no indiciamento dele por obstrução de justiça é pura ficção, sem elementos concretos de prova. A defesa disse ainda que o depoimento de Marcus Amim só corrobora a tese de que Rivaldo não tinha gerência alguma no andamento das investigações. 

A BandNews FM tenta contato com Giniton Lages e os demais citados.

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