Caso Bruno Krupp: julgamento não tem data marcada após dois anos do crime

Atropelamento aconteceu no dia 30 de julho de 2022, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca

Por Gabriela Morgado

Dois anos após a morte do adolescente de 16 anos atropelado pelo modelo Bruno Krupp, a mãe de João Gabriel Cardim está sem trabalhar, por causa da depressão. Mariana Cardim de Lima era analista de processos em uma seguradora e foi afastada em setembro do ano passado. Ela só voltou às atividades em janeiro, usando remédios controlados. Mas, no início de julho, prestes a completar 14 anos de trabalho na empresa, foi demitida.

Mariana e a família de João Gabriel ainda têm dificuldade para lembrar do episódio e pedem pela conclusão do processo. O atropelamento aconteceu no dia 30 de julho de 2022, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, mesma via onde o influenciador Vitor Belarmino atropelou um fisioterapeuta no último dia 13. Mariana estava com o filho.

O modelo confessou que pilotava uma moto a mais de 100 quilômetros por hora, muito acima do permitido. Ele estava sem habilitação.

Enquanto isso, a família sofre com a saudade do adolescente. João Gabriel morreu um dia depois do aniversário da tia-avó, que ainda tem dificuldade para comemorar. Para concretizar um desejo do próprio jovem, ela e a mãe do adolescente criaram o Projeto Viva a Vida, que recolhe doações para pessoas em situação de rua.

Mariana Cardim afirma que, para ela, a sentença é a ausência do filho.

O processo permane parado, praticamente, sem um desfecho, e, mais uma vez, eu venho dizer que a minha sentença já saiu. A minha sentença foi não ter mais a presença do meu filho. A gente cria filhos, dá o melhor para eles que a gente pode. E quando a vida do nosso filho é interrompida? Tudo o que eu sonhava fazer com ele, nossas viagens, todas as vitórias que eu tencionei para ele, tudo isso foi interrompido, diz a mãe do menino.

A advogada da família, Luciane Noira, afirma que a família também está cansada com a demora para o término do processo judicial.

A família se sente destruída, se sente exaurida, com uma sensação de impunibilidade, não tem efetividade. Tem um acórdão remetendo a júri popular e realmente está parado o processo, afirma a advogada.

Bruno Krupp chegou a ser preso, mas foi solto após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, em março do ano passado. Ele aguarda o júri popular em liberdade desde então. Ainda não há data definida para o julgamento. A defesa de Krupp entrou com um recurso contra a decisão, que foi negado. No entanto, o acórdão ainda não foi publicado no processo. O modelo é réu por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e por dirigir sem habilitação.

Ele teve o direito de dirigir suspenso, teve que entregar o passaporte e passou a usar tornozeleira eletrônica. No entanto, segundo a defesa da família de João Gabriel, Krupp chegou a violar o equipamento mais de uma vez. Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio disse que a defesa do réu apresentou justificativas sobre as quedas de sinal do aparelho, como o registro de um endereço antigo de Bruno na Seap, defeito no sinal e a necessidade do deslocamento do réu da sua residência para atendimento médico uma unidade hospitalar.

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