Carlos Bolsonaro presta depoimento na sede da Polícia Federal

Vereador falou sobre supostas ameaças ao ex-presidente; Carlos ainda deve ser ouvido no processo que investiga a montagem de uma "Abin paralela"

Por Pedro Dobal

Um dia após ser alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Vigilância Aproximada, o vereador Carlos Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal em relação a outro caso, envolvendo postagens sobre supostas ameaças ao ex-presidente. O político chegou à Superintendência da PF, na Zona Portuária do Rio, por volta das 10 horas e não quis falar com a imprensa.

Carlos também deve ser ouvido no processo que investiga a montagem de uma "Abin paralela" durante o governo do pai, mas a data do depoimento ainda não foi confirmada. Ele é suspeito de ser o responsável por designar missões aos integrantes da agência, como tentar provar uma suposta ligação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com a facção criminosa PCC.

Uma troca de mensagens encontrada pelos investigadores indica que uma assessora do vereador pediu "ajuda" do então diretor da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem, sobre dois inquéritos que teriam relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e três filhos dele.  

A PF entende que esse é um indicativo de que o núcleo político da organização criminosa que se instalou na Abin utilizava o diretor da agência para obter informações sigilosas.  

Para o doutor em Direito Constitucional Acácio Miranda da Silva Filho, as acusações são graves e podem ser enquadradas em diferentes crimes.

A conversa entre a assessora Luciana Almeida e o parlamentar foi interceptada a partir da quebra do sigilo de Ramagem, que foi alvo de outra fase da operação na semana passada.

A PF diz que a estrutura clandestina monitorava ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando inclusive um programa espião que identifica a localização dos celulares dos alvos.

Na segunda-feira (29), além de Carlos e da assessora dele, os agentes também fizeram buscas em endereços de uma possível interlocutora de Ramagem e de um militar do Exército que atuou na Abin, Giancarlo Gomes Rodrigues.

Os investigadores já sabem que, por determinação do ex-diretor, o militar participou do monitoramento do advogado Roberto Bertholdo, que teria proximidade com os ex-deputados federais Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, à época tidos como adversários políticos do governo.

Em um dos endereços ligados a Giancarlo, em Salvador, os policiais encontraram um computador que pertenceria à agência de inteligência, além de 10 celulares, outros dois notebooks e um HD externo.

No gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio, também foram apreendidos computadores e um laptop.

O monitoramento ilegal ainda teria tido como alvo um servidor do Ibama, que posteriormente foi exonerado, em possível represália às ações de combate aos crimes ambientais.

As investigações também descobriram que Ramagem imprimiu, em fevereiro de 2020, informações de inquéritos eleitorais em curso na PF que listavam políticos do Rio de Janeiro

Em resposta à colunista Monica Bergamo, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que a operação teve o objetivo de atacar a família dele e provocar constrangimento. Segundo Bolsonaro, os agentes estão tentando pescar em piscina e não vão encontrar nada que os envolva em algum crime.

A BandNews FM tenta contato com os demais suspeitos. 

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