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Câmeras de segurança não esclarecem caso de jovem morto por PM na Cidade de Deus

Segundo a PM, o militar Reyson Gabriel Pinho de Lucas disparou acidentalmente

Por João Boueri

Câmeras de segurança não esclarecem caso de jovem morto por PM na Cidade de Deus
Reprodução

As câmeras de segurança próximas ao local da abordagem da Polícia Militar que terminou com a morte de um jovem de 27 anos na Favela da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, não vão ajudar a esclarecer o caso. A informação foi confirmada por fontes da BandNews FM na Polícia Civil.  

O episódio aconteceu no dia 4 de junho. Segundo a PM, o militar Reyson Gabriel Pinho de Lucas disparou acidentalmente. O projétil atingiu a nuca de Luiz Fernando do Carmo Fontes.  

Além disso, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, a corporação informou à Polícia Civil que as imagens das câmeras corporais portáteis não revelam o que pode ter causado o disparo. Ainda assim, a Delegacia da Taquara soliciou o envio das gravações para análise.  

O resultado do laudo da arma vai ser revelado com o relatório final da investigação.

Para o advogado criminalista, Michel Vinagre, a análise das câmeras corporais também deve ser feita pelos investigadores.

Quem deve fazer análise das câmeras em caso de atividade suspeita ou qualquer outro tipo de coisa que possa indiciar crime, eu interpreto que a Polícia Militar, ela vai fazer, mas mais num condão administrativo, num condão de ver realmente o que seus agentes possam ter feito de errado e fora do procedimento. Agora, a perícia mesmo técnica tem que ser feita pela Polícia Civil, porque a Polícia Civil é polícia judiciária, é a polícia que prepara a opinião de elite do Ministério Público e consequentemente vira processo. Eu não consigo vislumbrar a Polícia Militar exaurindo laudos que possam de alguma forma corroborar para a instrução criminal. Ela pode até vir com uma prova emprestada, mas a questão mesmo de análise tem que ser feita pela Polícia Civil.

Durante a noite do dia 4 de junho, Luiz Fernando trafegava pela Estrada dos Bandeirantes, na altura da Cidade de Deus, quando foi abordado por militares. Segundo a PM, a vítima não obedeceu a uma ordem de parada. Após uma freada brusca da viatura, o fuzil que estava com o policial Reyson Gabriel teria disparado acidentalmente.  

Testemunhas gravaram o momento em que a vítima foi colocada dentro da viatura para ser socorrida ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na mesma região. As imagens mostram a vítima sendo arrastada até o banco de trás do veículo. O jovem morreu na manhã do dia seguinte no Hospital Miguel Couto, na Zona Sul.

Os policiais envolvidos no caso foram afastados das ruas e prestam funções administrativas. Reyson Gabriel ficou responsável pela chefia do setor de Telemática do Batalhão de Jacarepaguá.  

Os PMs também vão passar por um programa de capacitação, que inclui técnicas de abordagem e prática de tiros.

Luiz Fernando era fiscal de voo de asa delta e já tinha servido na Aeronáutica. O sonho do jovem era virar instrutor de voo. No mesmo ano em que chegou a prestar uma prova para ingressar na Polícia Militar, a vítima perdeu a vida após ser baleada por um PM.

O caso está sendo investigado como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Anteriormente, o registro de ocorrência foi classificado como desobediência e lesão corporal culposa, ainda sem a confirmação da morte do jovem.

Se o inquérito da Polícia Civil for finalizado como homicídio culposo, o caso vai ser levado à Justiça Militar. Como a morte foi constatada após o registro da ocorrência, o caso fica com a Delegacia da Taquara, que apesar de poder transferir à Delegacia de Homicídios, não é obrigada a encaminhar o caso para a DH. No entanto, isso deve acontecer já que a especializada tem mais recursos para investigar o caso.

A BandNews FM questionou novamente a Polícia Militar sobre o envio das câmeras corporais portáteis dos policiais e em relação ao andamento do procedimento administrativo, mas ainda não obteve retorno. 

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