Após a prisão de 22 policiais militares que extorquiam comerciantes em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a PM afirma que vai fazer modificações no sistema de monitoramento corporal. Segundo a corporação, um alerta vai ser emitido, caso os PMs tentem tapar ou retirar as câmeras usadas nos uniformes. Ainda não há data prevista para a medida ser adotada.
Imagens registradas pelos equipamentos mostram os policiais recebendo dinheiro em diversos estabelecimentos, o que foi classificado como "tour da propina". Em uma das imagens, o agente tapa a câmera corporal para não ser flagrado.
Uma imagem obtida pela BandNews mostra uma conversa em um mercado entre um agente e um comerciante, que teve a voz distorcida.
Em outro vídeo, com a câmera ligada, um policial chega a dizer que não tem como checar os equipamentos de 50 mil policiais.
Após uma denúncia anônima, a Corregedoria da PM analisou mais de 500 horas de imagens de câmeras dos agentes e fez uma ação de vigilância. Uma viatura foi flagrada recebendo propina em um ferro-velho.
Segundo a denúncia do Ministério Público, semanalmente, durante o segundo semestre do ano passado, os policiais se revezavam e extorquiam 54 estabelecimentos comerciais, chegando a competir entre si para ver quem chegava primeiros nos locais e recebia o dinheiro. Alguns deixavam as câmeras corporais no próprio batalhão e saíam sem elas.
Em uma conversa flagrada pela câmera corporal, um PM chega a dizer que consegue ganhar R$ 5 mil por mês.
O promotor do Ministério Público Paulo Roberto Mello Cunha Jr ressalta a gravidade dos crimes, já que os PMs deixaram de atender ocorrências para receber propinas.
Quando um agente público usa os recursos do Estado, os equipamentos fornecidos pelo Estado, o horário que ele deveria estar trabalhando em prol da segurança, ele usa tudo isso para praticar crime, é muito mais grave do que um particular que eventualmente incida numa conduta criminosa. Além do crime em si, tem todas essas repercussões para a segurança pública, para a comunidade.
Na quinta-feira da semana passada (7), 21 dos 22 policiais denunciados foram presos em uma operação do Ministério Público e da Corregedoria da PM. O último agente se entregou no dia seguinte.
O Ministério Público vai fazer uma outra investigação para apurar possível envolvimento de outros policiais, incluindo comandantes, do Batalhão de Mesquita, onde os agentes presos estavam lotados durante os crimes, como explica o promotor Paulo Roberto Cunha Junior.
O objetivo dela é saber se tem envolvimento de outros policiais, oficiais que participam da administração do batalhão, para averiguar se eles tinham algum envolvimento, alguma anuência.