Bonde do Zinho tinha acesso à informações internas da Polícia

Ministério Público obteve conversas entre integrantes da organização paramilitar

João Boueri*

Grupo trocava informações por aplicativo de mensagens
Divulgação

A milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como ''Zinho'', tinha acesso às escalas de serviços de policiais militares e informações internas e de inteligência sobre operações programadas pela Polícia. As conversas de integrantes da organização paramilitar foram obtidas pelo Ministério Público do Estado do Rio. 

Segundo o MP, Vítor Eduardo Cordeiro Duarte, vulgo ''Tabinha'', recebia essas informações e repassava ao miliciano Rodrigo dos Santos, preso em março deste ano em São Paulo. Latrell, como é conhecido o criminoso, também tinha acesso às informações e enviava praticamente todo o dia para a alta cúpula da milícia de Zinho.

Além disso, havia um esquema de pagamento de propina à órgãos públicos, como uma das bases do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais, na Avenida Brasil, em Santa Cruz, que recebia R$ 1.900,00 por semana para ser acionado quando necessário pela milícia, segundo Paulo Maique da Silva Vitório, conhecido como ''Maike'', Detran; e outras setores da Polícia Militar. Maike era o responsável pelos pagamentos. O recebimento dos valores foi confirmado por uma pessoa identificada como ''Patrícia PMERJ'', na agenda de contatos de Maike. 

VEJA MAIS

Para o Ministério Público, há um nítido esquema de corrupção policial organizado e sofisticado para criação e fortalecimento de uma rede protetiva para a milícia chefiada por Zinho.

Em nota, a Polícia Civil disse que nos últimos dois anos prendeu mais de 1.200 milicianos, dando prejuízo de cerca de R$ 2,5 bilhões para as milícias. 

A PM disse que todas as denúncias envolvendo policiais militares são devidamente apuradas quando chegam ao conhecimento da Corregedoria Geral da Corporação. A corporação lembra que a 8ª DPJM, unidade especializada da CGPM, foi criada pelo Comando da PM justamente para conduzir inquéritos relacionados a narcomilícias, reforçando o apoio a outras instituições, entre as quais o Ministério Público e a Polícia Civil.

*Estagiário sob supervisão de Luanna Bernardes

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.